quinta-feira, dezembro 27

Life of Pi

Uma aventura inacreditável, uma lição de vida fascinante...

Finalmente estamos naquela época do ano em que no cinema só existem estreias de filmes fantásticos, este é o primeiro de muitos que o vão seguir, pelo menos assim o espero.

A Vida de Pi é sem dúvida um dos melhores filmes que já vi na minha vida, pessoalmente, achei a história fantástica, a fotografia genial, a banda-sonora arrepiante, as interpretações peculiares (Irrfan Khan e Suraj Sharma) e os efeitos especiais generosos. Ou seja, tecnicamente o filme está altamente bem construído. 
Pessoalmente avalio muito os filmes pela introdução (penso que sejam influências da saga do espião britânico James Bond), esta abertura de filme está magnifica, transmitindo exactamente a paz e tranquilidade que o filme pretende atingir. Esta viagem é filmada num paraíso terrestre, a Índia, o que torna o ambiente cinematográfico colorido e apaixonante. Mais uma junção de Hollywood e Bollywood em que Ang Lee conseguiu a perfeição.
Geralmente dou bastante mais relevo à parte técnica do que à interpretação "substancial" das películas, penso que todos os filmes devem ser interpretado individualmente sem influências exteriores, este em particular é muito espiritual, magnificamente complexo e subjectivo, sendo imperativa uma análise mais profunda.
Pi é uma criança curiosa e confusa, é um adolescente estranho, inteligente e aventureiro, é um homem calmo, ponderado e crente. Estes são os nossos estádios de crescimento, infância, adolescência e vida adulta, onde cada um de nós aprende a viver com aquilo em que acredita, seja nada, seja tudo, seja só alguma coisa. Durante a vida de Pi todos os acontecimentos parecem estranhos e por vezes até absurdos, existem momentos em que pomos em causa toda a história de Pi simplesmente porque não estivemos presentes ou porque é irracional acreditar, mas o mesmo não acontece com a religião? Acreditar cegamente em algo? Ter fé? A religião é acreditar no inacreditável, certo? A vida de Pi é como a religião, inacreditável. Mas porque razão é mais fácil acreditar em Deus do que na palavra de Pi? Porque Pi mente. Mas e Deus não mente? Não! Porquê? Excelente questão...
O homem precisa de criar para se abrigar do medo, precisa de sonhar para atenuar o sofrimento, todos precisamos de um porto de conforto existencial...
É também maravilhoso ver a relação de Pi com Richard Parker, é encantador observar os laços que se criam entre o felino e o homem, transcende a nossa capacidade de compreensão da natureza.

Uma jornada épica de um jovem que estava perdido no grande mar salgado e no árido deserto espiritual.

Altamente recomendado para um mundo perdido, sem rumo e sem fé. 
Na lista dos favoritos do 7ªArte.

sábado, dezembro 8

Realidade, Sonho e Ficção

Não sou pessoa para partilhar com todos as minhas aspirações para o futuro mas, o destino num país sem qualquer esperança, nem vínculo emocional ou criativo, fez-me mudar de ideias.
Estou prestes a terminar um curso que me vai abrir portas para um mercado de trabalho que exige responsabilidade e dedicação, e que oferece uma estabilidade delicada mas, ainda algo segura, falo da saúde. Para trás ficam as aspirações de artista, o sonho de construir um futuro em comunhão com a natureza, o sonho de querer percorrer o mundo com uma câmara de filmar nas mãos, rabiscando memórias do presente, sem qualquer pensamento no futuro.
Na minha vida sonho poder nadar sem restrições de tempo, quero poder escrever numa à mão ou à máquina, filmar momentos únicos e dançar em locais virgens, sem homens para destruir as suas virtudes.
Quero percorrer a India sem que me digam para onde ir, mas que me acompanhem numa viagem espiritual, procurando mistério e descobrindo aventuras. Aspiro caminhar descalça nas florestas irlandesas, sentindo a trovoada a pulsar nas minhas veias e a chuva na minha face pálida. Depois de explorar a natureza no seu estado mais puro, desejo caminhar nas ruas de Paris e ler algum bilhete deixado num vidro embaciado ou num livro velho com as palavras: Je t’aime. Ainda assim sonho ir à terra de sua majestade agarrar furiosamente num microfone e soltar a voz da minha alma, num recinto apilhado de pessoas alegres. Desejo criar algo meu, partilhar com o mundo as minhas criações, impedir que elas morram em mim, continuar a ser a criança que sempre fui, para que a minha imaginação nunca morra.
Nasci no país dos descobridores, cresci na ânsia de descobrir, hoje com vinte e um anos descubro que escolhi o caminho errado, que morri antes de ter vivido.
Ainda assim assumo a minha escolha, vivo na minha realidade, mas sempre com os olhos postos na ficção, porque um dia vou realizar o sonho.
Pedras no caminho? Guardo-as todas um dia vou construir um castelo.” (Fernando Pessoa)

sexta-feira, dezembro 7

Anna Karenina

A Magia do teatro no cinema,
A história de uma mulher prisioneira da sua própria existência...

Um dos maiores clássicos da literatura chega ao cinema, com um orçamento de crise e a assinatura de Joe Wright, uma combinação que não poderia ser mais perfeita...
Anna Karenina é uma aventura emocionante pelo mundo da fotografia original, e pelo teatro em movimento, transmite o principio de que é possível fazer-se cinema num teatro. Mas será possível fazer cinema estupendo confinado num teatro? Obviamente que sim!
A originalidade é o ponto mais forte de todo o filme, Mathew Macfayden tem uma performance muito acima do excelente sendo mesmo o melhor actor em cena, com uma personagem loucamente cómica e provocante. Aaron Johnson é sedutor e delinquente, contrastando com Jude Law, um honesto e respeitável homem da aristocracia Russa consumido por costumes e vidrado em boas maneiras. A bela e encantadora Keira Knightley é electrizante a cada segundo, continua a existir uma química claramente surreal com câmara, um feitiço que a actriz lança ao público e perdura durante todo o filme. Dario Marianelli é uma das peças chaves, autor de uma banda-sonora magnifica e de uma criatividade inigualável, que faz o espectador contorcer-se de arrepios. Tom Stoppard constrói um argumento contagiante mas complexo, relaxante e irritante, um ingrediente fantástico, que proporciona ao filme outro nível de encantamento.
Quando vemos esta película sente-se a música a ecoar nos ouvidos de forma que as palavras amargas nos soam a doces, os olhares que se cruzam são tão intensos que a música deixa de reinar e a incerteza apodera-se da nossa mente, ainda sem perder o rumo o nosso corpo sente o silêncio que os nossos ouvidos ignoram e cria um ensurdecedor ruído de medo e incerteza. Anna Karenina consegue transportar-nos para um plano celestial de puro deleite, sustentado por alicerces de interpretações estrondosas.
Toda a metáfora associada à ideia de que dentro do teatro estamos no plano aristocrata, preso à sua sociedade hipócrita e mesquinha, curvado perante os moldes dos bons costumes que soam a medo, e fora do teatro reina um mundo livre de polimentos, onde o sol irradia o ar puro e a vida deixa de ser fútil. É divinamente brilhante.

Anna Karenina é cinema encantador e mágico...

quarta-feira, novembro 21

Seeking a Friend for the End of the World

E se o mundo acabasse dentro de um mês? O que faria? O que faríamos?

Steve Carell e Keira Knightley estão juntos numa aventura improvável e apaixonante. À primeira vista Carell e Knightley pertencem a estilos de cinema diferentes, a nacionalidades diferentes, e a personagens que num filme comum nunca teriam grande efeito juntas. Contudo, Lorene Scafaria apresenta-nos o seu primeiro filme de forma diferente, pondo à prova actores e o próprio conceito de fim do mundo a que estamos habituados. Neste filme há espaço para tudo, para os anarquistas, para os apaixonados, para os inertes, para os frenéticos e até mesmo para os suicidas. Há um ligeiro humor negro que a meu ver é brilhante, e há uma estupidez amorosa. Tudo isto junto parece não fazer nenhum sentido, o curioso é que à medida que se caminha na viagem, e também no filme, ficamos encantados e não podemos deixar de ficar embalados neste final do mundo que pode muito bem ser o inicio de toda uma história.
Gosto de argumento desconexo que ganha sentido a cada minuto que passa, e das personagens desconcertantes que no final são seres humanos muito superiores ao que se espera. Gosto do Steve Carell neste filme, gosto da Keira Knightley, e gosto da química entre ambos, a forma como anulam a diferença de idade, e como se envolvem ao longo de toda esta jornada. Gosto dos momentos musicais e do único conjunto de roupa que usam. Gosto do cão Sorry e gosto da forma generosa como as personagens o embalam. Acima de tudo gosto da forma como tudo isto me faz pensar e de como me faz sentir este fim do mundo que nunca mais acaba.
Um filme simples, amoroso e profundo.

Até que o fim do mundo nos separe... 

segunda-feira, novembro 19

Anna Karenina Interviews

Acompanhando as entrevistas que se têm feito a propósito do filme Anna Karenina. Uns momentos que achei deliciosos com os actores e realizador.



domingo, novembro 18

Twilight - Breaking Dawn Part 2

A eternidade é o limite...

Chega ao fim a saga que encantou milhares de jovens adolescentes (e também mulheres adultas), que fez a imaginação romântica voar até ao universo obscuro, transformando-o num conto de fadas.
Quem ler o paragrafo anterior e nunca tiver ouvido falar de Twilight (o que me parece bastante difícil), chega mesmo a pensar que a saga é algo totalmente inovador e criativo, no entanto, não é mais do que um conjunto de mundos já explorados, que juntos num clima de romance impossível, torna a história mais apelativa. Para os apreciadores de verdadeiro cinema, este é mais um daqueles filmes que vem estragar as bilheteiras, levando multidões a ver argumentos mal explorados, banda-sonoras comerciais, e efeitos especiais estrondosamente megalómanos. Para os fãs é mais um momento espantoso e de emoção sem precedentes.
Analisando o fenómeno que ocorreu neste anos em que Twilight pairou nos cinemas, chegamos à conclusão que é avassalador o efeito que os livros tiveram no público (e que os filmes mostraram acompanhar), e é espantoso observar o quando sedento o mundo está de escapar à realidade em que se vive, de conquistar uma nova identidade, e de ser amado de uma forma incondicional. Ainda é possível reparar que é normal que estes filmes tenham efeitos colaterais deste tipo em adolescentes, mas em mulheres adultas? É espantoso isto acontecer, e é algo que vale a pena ser repensado.
Quanto a mim Twilight teve um ponto interessante no filme anterior, Breaking Dawn Part 1, com um nível dramático mais acertado e mais ousado do ponto de vista narrativo (embora me continue a parecer fraco). Robert Patison foi o actor que mereceu mais a minha atenção, isto porque, me surpreendeu muito pela positiva em Cosmopolis, aqui em Twilight, fez mais do mesmo, não surpreendeu e manteve-se mal. O restante cast também teve a mesma prestação  o que me fez pensar que o problema não é dos actores mas sim da direcção, sobretudo porque Christian Camargo, Michael Sheen e Lee Pace são (quanto a mim) actores fabulosos, e neste filme estão reduzidos a quase nada. O argumento desta vez não é mau, é péssimo, chega mesmo a ser intragável. Não percebo como é possível fazer-se um filme tão desconexo e durante tanto tempo, tudo aquilo que vemos na tela pode ser reduzido a cerca de vinte minutos, e pouparíamos mais recursos e sobretudo tempo.
É complicado explicar o final sobretudo para quem leu o livro, parece interessante, e ao mesmo tempo ridículo. Vou optar por dizer interessante, porque ridículo é uma palavra muito forte quando não se tem a certeza do que se deve dizer. Neste caso, a ideia está bem construída mas a forma como nos é apresentada destrói por completo o clímax de toda a narrativa. Quando se faz um filme em que culmina o momento de imaginação (e não é real), há que criar outras formas de manter o espectador entusiasmado e surpreendido, o que aqui não acontece, e é ai que todo o trabalho de realização falha redondamente. Ou seja, estamos horas à espera de um desfecho único, porque até agora não se viu nada, e no fim nada se vê. 



Resumindo aconselhado para fãs, porque vão gostar, fora disso, não!

Agradeço não ter e-mails desconcertantes e insultuosos, porque com o Twilight eu tenho sempre más experiências.

terça-feira, novembro 6

Bond, James Bond


O agente secreto britânico que fez as delicias dos fãs durante décadas, meia dúzia de homens deram corpo a esta personagem única do cinema de acção, e muitas foram as mulheres que brilharam no grande ecrã, partilhando a glória de serem as Bond Girls. Mas o que perdeu James Bond para deixar de ser um ícone do cinema britânico, e passar a ser um filme de acção com um nome pomposo?
Quanto a mim, o actor Daniel Craig consegue fazer filmes de acção de excelente qualidade, ultrapassando em grande escala aquilo que estamos habituados a ver no cinema, no entanto, Craig não é Bond! Repito, Craig não é Bond e Bond não é Craig! Bond é Sean Connery, é Roger Moore, é Pierce Brosnan, e venha quem vier, doa a quem doer, Jude Law é o herdeiro legítimo do título de Bond. É britânico, é charmoso, é talentoso, é extraordinariamente sensual, e acima de tudo tem perfil para ser o agente secreto.
Mas, excluindo a minha opinião sobre quem deveria ser o James Bond desta geração, e aferindo tudo aquilo que já se viu, constando factos e recuperando argumentos... São muitos os que concordam que 007 foi reduzido a um cliché de acção, deixando de ser um acontecimento cinematográfico de romance, suspense, acção, e aventura sem precedentes. Outros acham que James Bond deve mudar, ser forte e feio. Mas e onde fica o charme, o requinte, o glamour, a elegância, a originalidade? Deveremos mesmo trocar isso por mais uma saga Bourne interminável? Jason Bourne foi um grande acontecimento cinematográfico, mas teve o seu tempo, e acabou. Contudo Bond não acaba, por isso não precisa de se mutar, precisa de limar aresta, como Brosnan fez. Mais do que isso é destruir uma imagem o que há muito se criou no imaginário dos fãs. 
Fui só eu ou alguém reparou que até os temas musicais dos novos filmes não têm a mesma magia que os anteriores? Perdeu-se melodia, ganhou-se bateria, perdeu-se harmonia, ganhou-se agressividade, a única coisa que se mantêm é a sensualidade... 
Em suma, a reflexão que proponho é: Será que devemos alterar o conceito de James Bond? É verdade que o mundo é feito de mudança, mas e se a mudança for para pior? Leva-nos à crise... Correcto?

Com isto nem preciso de expressar a minha opinião sobre Skyfall, bem feito, bem realizado, mas não é Bond!

domingo, novembro 4

Looper

Quem é o seu pior inimigo? Pense bem, talvez ele esteja do outro lado do espelho...

Looper é uma narrativa sobre viagens no tempo, telecinética, assassinos, loops, vingança, amor, compaixão e destino. Como é que tantos temas cabem tão perfeitamente num filme de acção? Não sei, mas é fenomenal!
Apesar do previsível final e do desenvolvimento óbvio dos acontecimentos, Looper nunca perde o interesse durante todo o tempo de visualização, o que já de si é um enorme feito cinematográfico.
Não há muito a dizer sobre o filme, é original, tem interpretações de peso como Joseph Gordon-Levitt e Emily Blunt, no entanto, Bruce Willis fica muito atrás das restantes interpretações, chega mesmo a desiludir. Mas esta desilusão é facilmente superada pelas reviravoltas (previsíveis) na narrativa e a realização criativa que nos é apresentada.
O filme é uma aliança quase perfeita de ficção cientifica e acção desmesurada, tem um toque de suspense e um romantismo muito simples e soft, utilizando a comunhão entre o amor e compaixão.
O tema é novo, chega a ser perturbante, e consegue sem qualquer sombra de dúvida superar as expectativas, não consegue ser brilhante, mas é sem dúvida intrigante. A questão entre viver com uma assombração do futuro, ou uma assombração do passado, tem qualquer coisa de sugestivamente empolgante. 
Rian Johnson superou-se, e surpreendeu com um blockbuster de excelente qualidade. 

domingo, outubro 21

American Horror Story Season 2 Review

Iniciou-se uma nova temporada de terror televisivo, será mesmo assustador?

Quantos de nós vão cinema na incrível esperança de ficar aterrorizados com todos os acontecimentos do grande ecrã?! Quantos de nós abandonam a sala com um sentimento de tempo perdido, dinheiro mal gasto e frustração crescente?! Muitos?! Eu sei. A grande noticia agora é que não é necessário sair do sofá, calçar as botas, abrir o guarda chuva e ir ao cinema, basta uma pequena televisão, o volume bem alto, o ambiente escuro e Ryan Murphy encarrega-se de nos proporcionar o resto...
Na temporada anterior deparamo-nos com um cenário de assombração, em que não conseguimos distinguir (numa fase inicial) os mortos dos vivos. Nesta temporada não conseguimos distinguir a realidade da ficção. E não será isto bem mais assustador?!
Percebemos que estamos numa ala psiquiátrica pouco convencional, percebemos que os Ateus e os loucos são raças a exterminar, percebemos ainda que temos as mesmas personagens com as mesmas idades nos anos 60, o que não percebemos é onde é que isto faz sentido. Para tornar tudo mais irracional, em paralelo temos a história de um casal mórbido e com desejos igualmente perturbadores mas no século XXI. Confusos? É natural!
Esta temporada anuncia o brilhantismo atingido na anterior, mas com um genérico genuinamente mais assustador. Aliás atrevo-me a dizer que foi muito mais perturbante ver este primeiro episódio do que toda a temporada um. E porquê? Simplesmente porque a loucura humana não está sujeita a cepticismo...
Aqui temos a harmoniosa e arrebatadora convivência entre religião e a loucura sem nunca perder de vista os maiores medos humanos, os fantasmas e os monstros...

Preparados para visitar mais uma ala medonha da mente de Murphy? Eu digo: Let's do it!

sábado, outubro 13

Festa do Cinema Francês - L'Art D'Aimer

Amar é uma arte, uma arte que exige compreensão, sacrifício e paciência...

Mais um filme mosaico sobre o sentimento que une de forma inigualável seres humanos e também animais, uma comédia que narra histórias divertidas, leves, e deliciosamente encantadoras. Tem uma realização irrepreensível (para filmes do género) com interpretações magnificas, em suma, a simplicidade desta película torna-a maravilhosa. O cinema Francês tem este dom de tornar o simples único e deslumbrante.
Rara é a comédia que faz rir de forma unânime, mas esta fez uma sala inteira rir em uníssono, como se de uma orquestra se tratasse. Sentiu-se sempre um clima alegre a cada cena que passava e nos momentos de tensão sentiu-se que a sala respirava toda a emoção da tela. Para além do filme adorável que estava a visualizar, tenho de reconhecer que há muito tempo que não ia ao cinema e todos os presentes respeitavam o filme, respeitavam o clima, respeitavam cinema! Admirável aquele público, que encheu aquela minúscula sala e admirou de forma fervorosa cada momento que passava. Foi tão agradável participar nesta festa do cinema Francês que quando o filme terminou foi uma enorme tristeza sair da sala, ou seja, é uma experiência a repetir o mais brevemente possível.

E parabéns ao cinema Francês por ser um dos melhores do mundo.


quarta-feira, outubro 10

Dexter Season 7 Premiere Review

Atenção: Contém Spoilers dos dois primeiros episódios.

O mundo dos fãs parou, o mundo de Dexter abanou e o mundo de Debra desabou com este diálogo:
- Are you... a Serial Killer?
- Yes.

Dexter Morgan está perante o seu pior e maior pesadelo, a irmã sabe o seu segredo, segue-o para todo o lado e o seu passageiro negro começa a ficar sedento de sangue. Este serial killer está a atingir o seu ponto de exaustão, mas como é que ele vai reagir a esta pressão?!
A duas temporadas do fim, os fãs, e os próprios actores, não param de especular o final de Dexter, no segundo episódio temos o suicídio de um assassino, será uma premonição? Será que os realizadores nos querem preparar para o grande final? Ou será que nos querem afastar da grande realidade?
No ponto em que estamos da temporada tudo pode acontecer, Debra pode morrer, Dexter pode ser preso, Debra pode deixar-se envolver com o seu passageiro negro, Laguerta pode descobrir a verdadeira identidade do BHB, Quinn pode revelar aquilo que sabe sobre Dexter (revejam season 5), Louis pode tornar-se uma real ameaça, Harrison pode tornar-se uma presa fácil para os inimigos de Dexter, enfim a verdade é que existem milhares de possibilidades e diversos caminhos a perseguir, também é verdade que neste ponto só podemos especular.
Os finais dos últimos episódios têm sido magníficos deixando sempre um clima de incerteza brutal para os espectadores. Dexter tem a capacidade de nos surpreender e envolver, e quando pensamos que nada mais pode acontecer, eis que nasce um tema no qual nunca ninguém pensou, ou melhor, nunca ninguém supôs que os realizadores iriam ter coragem para concretizar estas ideias.
Em resumo, a série continua audaz sem perder o brilho, uma masterpiece televisiva. 

Are you... ready for the big end?!

To Rome with Love

Depois de seduzir em Barcelona, e encantar em Paris, eis que Allen apaixona em Roma, com este romance deliciosamente doce e subtil. Woody (não o cowboy da nossa infância mas sim o filósofo judeu e cineasta) encanta o espectador com um argumento envolvente e único, conseguindo sempre sobressair a sua cómica e notória participação, proporcionando-nos momentos de humor inteligente, semeado com ironia e sarcasmo.
To Rome with Love conta também com um elenco luxuoso, no qual se destaca Ellen Page, que está divina nesta película. Receio, portanto, que o lugar de musa previamente ocupado por Diane Keaton, e mais tarde Scarlett Johanson e Penelope Cruz, seja novamente renovado pela ex adolescente grávida e "capuchinho vermelho" assassino.
À parte a fotografia, que na cidade italiana de Roma é sempre magnifica, destaca-se a banda-sonora que é um prazer auditivo e visual constante.
Um filme muito Europeu, muito subtil, muito fascinante, muito carismático, em suma muito Woody Allen.

terça-feira, setembro 18

American Horror Story - Season 2



Ryan Murphy (realizador) disse: "The new story you're about to see is caled horrifying. A period piece in a mental institution based largely on truth and truth is always scarier than fiction."

O Terror na televisão está a sofrer uma revolução... 

sexta-feira, setembro 14

Remakes

É oficial, estamos na geração REMAKE!
Depois de ter descoberto que vão fazer um remake daquele que para mim é um dos melhores filmes de terror de sempre, assim como apreciadora inegável de películas do género, resolvi demonstrar a minha indignação escrevendo este texto.

Vai mesmo haver um remake de Suspiria, depois de Halloween, The Nightmare of Elm Street, Friday 13th, The Thing, Psycho, Let Me In, The Crazies, Piranha, The Wolfman, The Wicker Man, Amityville, My Bloody Valentine, The Omen, entre outros, houve alguém que não contente com o insucesso da esmagadora maioria destes remakes, resolveu então reconstruir outro filme de terror e tentar superar todos os outros insucessos. É importante sempre referir que o facto de haver mais tecnologia agora, não significa que se façam melhores filmes, esta é uma realidade que ninguém parece perceber.
Será que a originalidade no terror já não existe? Cada vez que vejo um filme original, e não um remake, fico apavorada e desiludida com o tipo de filmes que se fazem. O ultimo que vi foi The Human Centipede, este filme é para além de extremamente perturbador, não faz qualquer sentido, é o que eu chamo de ridículo! O que é facto, que já se fez uma sequela. O primeiro filme ganhou alguns prémios ficando em segundo lugar no ranking dos melhores no Dark Festival em Toronto, e por outro lado, foi nomeado para pior filme noutro festival, sendo que a sua sequência ganhou mesmo o título de pior filme. Tudo isto é um enorme contra senso.
A grande questão que reside é: Será que o mundo está sedento de filmes de terror e qualquer coisa que já não tenha sido feita é considerada algo transcendente e fantástica? Talvez. No entanto, há sempre alguém que olha para a realidade e consegue vê-la! 
Falo nos filmes de terror, mas se entrarmos noutras categorias existe o mesmo problema. Vejamos um exemplo recente The Great Gatsby, a grande diferença entre o terror e os outros, reside essencialmente no facto de se conseguirem anular as alterações mais absurdas (que apesar de evidentes) podem morrer ligeiramente se existir glamour na musica, vestuário, entre outros. No filme de terror morre tudo à nascença se o argumento for mau. Espero sinceramente que Suspiria não tenha esse problema, visto que o argumentista é Dario Argento, o criador original, mesmo assim há sempre que desconfiar. 
Eu acho impossível recuperar aquelas sequelas de terror visual, e aquela musica suave mas aterrorizante, estou aqui para ver e comentar em 2013.

Relembremos uma frase do Scream 4: "Don't fuck with the original!"



[A fabulosa música]

terça-feira, setembro 11

Savages

A man to protect, a man to care, a man to old, a man to love…

Blake Lively vive uma vida amorosa completa com Aaron Taylor-Johnson (o Budista) e Taylor Kitsch (o Soldado). Quem lê isto pensa num triângulo amoroso, mas não, eles vivem numa trindade em perfeita harmonia. Harmonia só emocional, porque profissionalmente estes três são traficantes de droga, assim sendo quando Ophelia (Blake Lively) é raptada, esta harmoniosa vivência terrestre torna-se num perfeito terror.
Quando pensei em ver este filme as minhas expectativas estavam no zero, um filme de acção selvagem a cargo de Oliver Stone, isto não podia ser bom. Contudo, a minha visão destrutiva do filme não se verificou.
O argumento é (como em filmes do género) embrulhado em violência e palavreado obsceno, a diferença aqui é que tudo está conseguido na dose certa, sem exageros, e sem momentos de constrangimento cinematográfico. Gosto da fotografia, que faz lembrar os filmes de Tony Scott (Domino), e gosto especialmente da interpretação de Salma  Hayek e John Travolta. Hayek é uma mulher maquiavélica, mas emocional e Travolta é o típico polícia traidor com uma excelente dose de humor negro. Benicio Del Toro tem altos e baixos na sua performance (algumas pessoas discordam comigo neste ponto). Dos actores mais novos destaca-se Aaron Taylor-Johnson, no que respeita a Blake e Taylor ficam atrás do elenco mencionado.
Sem querer estragar o final do filme, é um tanto ou quanto intrigante e com uma ligeira dose de suspense. Excepcionalmente bem conseguido a meu ver.

Um filme para os amantes de acção e violência, mas que também se adapta aos mais sensíveis (sou prova viva).

Black (2005)

Bollywood tem um filme de excelência, tão perfeito que eu andei mais de um mês sem saber o que escrever...

Ainda tenho claras duvidas no que dizer à cerca desta magnifica história. Um professor alcoólico encontra uma estudante muito especial, cega e surda. O desafio deste homem é tornar esta jovem numa cidadã perfeitamente integrada na sociedade, é assim que começa uma viagem emocionante, especial e excepcionalmente única.
Índia possui uma industria cinematográfica fantástica, diversas vezes reduzida pelo senso comum a musicais espampanantes. Aqui está a derradeira prova de que Bollywood é capaz de realizar verdadeiras pérolas cinematográficas.
Os actores deste filmes são altamente competentes oferecendo-nos momentos de puro deleite, Amitabh Bachchan é o homem perfeito para este papel, encarna magnificamente um homem sensato, arrependido, inteligente e excêntrico. Rani Mukerji tem a difícil tarefa de representar uma personagem cega e surda, apesar de difícil a actriz hipnotiza o espectador com facilidade, emocionando o público a cada segundo. A relação entre as personagens é envolvente e cativante conseguido atingir níveis de perfeição inigualável.
A realização de Sanjay Leela Bhansali está magnifica, as analepses são colocadas nos momentos precisos e adequados, e existe uma captação emocional muito intensa, quase como se a câmara conseguisse explorar o interior das personagens mantendo um clima particularmente energético.

Uma história mágica que ultrapassa as barreiras do preconceito e que nos ensina a caminhar na vida com calma, serenidade, tolerância e bondade. Porque apesar de todas as nossas diferenças somos todos humanos e caminhamos para o mesmo precipício, a morte.

quinta-feira, setembro 6

O Cinema de Hoje



O cinema dos nossos dias está a ser fortemente ultrapassado pela televisão, ou porque a crise não permite idas ao cinema e compra de DVD's, ou até porque a pirataria facilita a acessibilidade a este universo magnifico. Penso que as razões desta superioridade não se deve sobretudo à crise, mas também à falta de qualidade dos filmes em cartaz. Quantas vezes queremos desesperadamente ir ao cinema, mas quando se olha para os filmes em exibição se desiste da ideia? Quantas vezes se criam expectativas inigualáveis quando se decide finalmente ir ao cinema e se sai de lá com uma monstruosidade na memória? Variadíssimas vezes! Assim, para ir ao cinema e ficar desiludido, vale mais ver uma série e escolher a que mais se gosta...

O que acontece é que no cinema de hoje deixou de se ter romances para ter sexo, no cinema de hoje deixou de se ter terror e passou a existir orgias sanguinárias sem o menor sentido, no cinema de hoje deixou de haver acção para passar a ter violência descontrolada, no cinema de hoje deixou de haver glamour musical para passar a ouvir-se agudos descontrolados de músicos sem talento, no cinema de hoje deixou de se ter comédias para passar a ouvir-se a cada segundo palavras obscenas, no cinema de hoje deixou de ter thrillers e ficção cientifica e passaram a fazer-se "coisas" absurdas. O cinema de hoje deixou de ter varinhas mágicas e passou a ter varetas queimadas...


O cinema do nosso tempo está a fazer remakes de bom cinema e a morrer ao mesmo tempo...

E agora dizem: televisão é cinema! Talvez, mas a magia é outra... 
Radicalista? Talvez, mas acima de tudo realista!

terça-feira, setembro 4

360

360º formam o círculo perfeito, mas será a vida e o filme assim tão perfeita?

Meirelles realiza uma história muito diferente daquilo que já o vimos fazer. Sem duvida que o projecto é muito interessante, no entanto, receio que não seja o género do realizador, pelo que se tornou um pouco inglório.
O filme tem inconsistências bem vincadas, o que neste género (mosaico) é facilmente detectável, vidas que se cruzam, destinos enlaçados e histórias de vida que são ambiciosas e com um excelente potencial, mas revelam pouco interesse no plano final. A sensação que se tem ao ver o filme é que até ao baixar do pano, pensamos que algo mais vai acontecer, e que existe mais alguma coisa na qual não se pensou, mas chega-se à conclusão que não existe nada, que rasgar o papel de parede não nos leva a mais lado nenhum. O argumento falha redondamente, é pouco coeso, maçudo e fracamente envolvente. À parte este fosso textual, existe uma magia muito natural nos personagens que acaba por "encantar o espectador", sobretudo Anthony Hopkins e o seu monólogo ensurdecedor.
Considero particularmente difícil realizar este tipo de filme, um realizador tem de ser subtil, envolvente, harmonioso e intrigante, Meirelles é um homem de filmes crus, violentos, frios e macabros, nunca me pareceu que o projecto pudesse ser do seu "género", no entanto, à que sair da zona confortável e explorar outros horizontes, Fernando Meirelles faz isso, e só pelo simples facto de o concretizar merece pelo menos esse mérito.
Este projecto na mão de Steven Soderbergh era um estrondoso sucesso.

sexta-feira, agosto 24

Encerramento da RTP 2

Hoje fiquei severamente chocada com a notícia que ouvi no telejornal: O possível (ou  melhor mais que provável) desaparecimento da RTP2. Como cidadã deste pequeno pedaço de península, considero completamente ridícula esta ideia ou decisão. Não sei quem a tomou não pretendo saber, porque política é "coisa" que pouco me interessa nos dias de hoje. O que eu sei é que fazer desaparecer a RTP2 é uma afronta ao bom senso televisivo. O único canal que eu consigo ver sem estupidificar é a RTP2, o único canal onde eu vejo filme interessantes e cinema Português é na RTP2, o único canal em que eu vejo programas dedicados ao cinema é na RTP2, o único canal em que se ouve orquestras e ópera é na RTP2! A RTP2 é o canal que exibe cultura, e que oferece programação de qualidade, como Sociedade Civil, Cinco para a Meia NoiteJanela Indiscreta, ou até mesmo Ingrediente Secreto. Possivelmente estes programas devem dar noutros canais de televisão paga. Mas e quem não tem televisão paga? Onde pode usufruir destes programas?
Sei que este texto não corresponde ao conteúdo habitual deste blog, mas é assustador saber que este canal vai desaparecer, só porque não é economicamente rentável. A idiotice também não é rentável, mas existe, aqui está a prova!

A RTP2 é necessária num país dormente e embebido em ignorância!
Assim que houver uma petição contra o encerramento da RTP2 quero assinar!

Ps - Onde é que vamos ver os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro daqui a quatro anos?

quarta-feira, agosto 22

ATM

Ir ao multibanco depois de uma festa à noite, pode tornar-se um verdadeiro desespero...

ATM tem um conceito inovador e assustador, que combinado com uma boa narrativa poderia ser um filme interessante. Temos um elenco jovem e com bastante potencial (Brian Geraghty, Alice Eve e Josh Peck) que têm aqui boas prestações. Para além desta inexperiência no elenco temos o realizador David Brooks que também é um tanto ou quanto imaturo nesta andanças, têm ideias arrojadas e muito interessantes, mas ainda lhe falta algum "conhecimento de público" para as concretizar de uma maneira mais apelativa.
Volto a frisar que a ideia deste filme é muito original, e discordo com as criticas que tenho lido, que afirmam que este filme é dispensável, eu diria desajeitado. Existem momentos de imperativo suspense que são arrasados por situações e resoluções óbvias, que podiam ser resolvidas com um pouco de elasticidade no guião.
O final (apesar de por vezes óbvio para um espectador mais atento) é sem dúvida o ponto mais forte de toda a narrativa. Isso e as perspectivas que o realizador nos apresenta, tanto a do assassino, como das vítimas e até de quem não esteve presente no decorrer dos acontecimentos.
Em suma, é um filme verde, mas necessário. Com mais uns anos a realizar filmes Brook deve chegar ao objectivo.

segunda-feira, agosto 13

Anna Karenina


Joe Wright regressa com a sua musa Keira Knightley para recontar a história de Anna Karenina de Liev Tolstói. Esperamos que o resultado seja tão bom como em Pride and Prejudice e Atonement...

Taj Mahal - Documentário

Não legendado

Legendado em PT

Nos últimos dias tenho dedicado o pouco tempo que me resta a ver documentários. Este foi um dos mais deliciosos que vi.
Outros documentários que visualizei foram sobre sonhos, serial killers femininos e masculinos, templos Indianos e vida dos monges do Tibet.

Batman - The Dark Knight Rises


The Dark Knight Rises, but he rises well? Sem dúvida que Christopher Nolan superou todas as expectativas do público assíduo de filmes de super-heróis, consegue tornar este mundo de tal maneira credível, que leva a pensar que poderia muito bem ser real. The Dark Knight Rises consegue igualar o Batman Begins, contudo não consegue chegar perto de The Dark Knight.De tudo o que observei o que mais me indignou e me desiludiu foi a prestação de Christian Bale que tem vindo a ficar cada vez mais encoberta pelas performances secundárias, tais como Michael Cane, Morgan Freeman, Joseph Gordon-Levitt, Tom Hardy, Gary Oldman e  sobretudo Anne Hathaway. A mulher que entra em cena e deixa todos os homens boquiabertos e as mulheres a contorcer-se de inveja. Hathaway é a nova Michelle Pfeiffer (de Burton), no entanto jamais poderíamos comparar as duas performances, visto que as personagens têm rumos absolutamente diferentes. Esta nova e sofisticada Catwoman é sem dúvida a "nova cereja no topo do bolo". Mas quando falamos de Anne Hathaway, este brilhantismo já não é uma surpresa inesperada.Hans Zimmer regressa com um banda-sonora para lá de perfeita (como sempre), e os efeitos especiais são brutalmente surpreendentes.À parte as questões técnicas a narrativa e a intenção, ou melhor, a mensagem social deixada pela mesma, é O ponto forte de todo o filme. Há um gritante apelo à igualdade socioeconómica e justiça social, que inunda o filme do princípio ao fim. Este paralelismo entre a nossa realidade e a realidade de Batman é fascinante, e o timing não podia ter sido melhor. Afinal Gotham City é real!
O nascimento de Bane (o novo vilão) no grande ecrã poderia ter sido a "morte" de Nolan. Era um desafio complexo que foi facilmente descomplicado pelo realizador e argumentistas. Hardy é (na minha opinião) a maior surpresa de todo o filme, o actor revela aqui as suas capacidades de representação e versatilidade, sobretudo a segunda, pois ao longo da sua carreira sempre me pareceu que o actor fosse muito restrito a determinados personagens, mais uma vez my bad.

Mais uma saga que termina, mais um ciclo que se fecha, mais um filme na prateleira para mais tarde recordar... 

Ps - Sente-se o vazio da Joker, talvez seja por isso que muitas pessoas não tenham gostado.

domingo, agosto 12

Supernatural - Season 7 Finale Review


Os meus leitores mais assíduos e atentos devem estar a perguntar porque razão venho eu aqui, falar de novo, sobre uma série que já deixei de ver imensas vezes?! A resposta é óbvia, voltei a ver!
Tenho vários amigos e conhecidos que acompanham a série (os quais a maioria eu viciei), tenho um em particular que idolatra Sobrenatural e sempre que vem a Portugal, faz-me o "indecente" favor de me dizer para eu ver e comentar no blog.
O Dean acaba esta temporada no Purgatório! Mas que grande surpresa (irónico)! O Inferno já deu o que tinha a dar, e havia que mudar de cenário. Mudou-se, e não resultou. Primeiro porque desapareceu o efeito surpresa, segundo porque era absolutamente previsível. No último episódio aquele ataque final foi muito rápido, muito mal explorado. Cada vez mais vemos a série basear-se nas piadas (que por sinal são geniais), e em argumentos pouco fundados e mal estudados e interpretados. Já não se fazem episódios como The End (Temporada 5 Episódio 4) quanto a mim o clímax de toda a série até agora. A partir do momento em que o Sam morre (pela segunda vez, temporada 5) tudo deixa de fazer sentido, e mesmo assim continua-se a andar em círculos para tentar encontrar algum tópico para explorar, e sempre que Sera encontra um interessante destrói-o para dar lugar a outro completamente descabido. 
A ideia do Bobby se tornar um espírito vingativo foi talvez a ideia que salvou esta temporada, quando pensávamos que alguém o ia trazer de volta eis que a realizadora dá a volta à situação. Ideia interessante...
Mas então para que serviu todo este tempo a ver esta temporada? Não foi uma perda de tempo, pois assim mantenho-me dentro das "private jokes", e mantenho a tradição de vir escrever aqui neste espaço para mais tarde destruir as orelhas a alguém.

Foi um texto pouco trabalhado, escrito mais em jeito de desabafo e direccionado para ti, Jerk!


sexta-feira, julho 27

Ted

Um ursinho de peluche "mocado", cujo o melhor amigo é um homem adulto numa relação?! Isto dá que falar!

Comédia é um género bastante negligenciado pela minha pessoa, talvez porque tenha uma estranha dificuldade em me rir nas cenas em que toda a gente se ri, e a horrível tendência de criticar todos os acontecimentos pouco lógicos da história. E nada mais ilógico do que um urso de peluche que fuma, anda e (vejam isto) fala!
Seth MacFarlane parte à aventura para a descoberta do grande ecrã, não saindo da sua área de conforto e mantendo o humor muito característico da sua série televisiva, Famity Guy. Mantendo também uma das suas actrizes, Mila Kunis. Junta-se a esta comédia Mark Wahlberg, e parece que tudo fica composto. Pessoalmente gosto bastante do trabalho de Wahlberg nas categorias de acção e drama, no entanto, revela ser um actor versátil saindo da sua "área de conforto". Este actor já o fez anteriormente, e saiu-se sempre bem, esta é só mais uma dessas vezes...
No geral, o filme é amoroso e divertido, também tem momentos de humor pouco inteligente, que são compensados com os cenas de humor mais peculiar e que exige também a mínima cultura cinematográfica. Também se junta alguma imprevisibilidade na narrativa (excepto no final), que ajudam a compor a história. Fica o aviso que quando se pensa que Ted vai ser atropelado, não é!

As comédias servem para rir e talvez, depois, para ganhar um Oscar, esta consegue cumprir o primeiro objectivo. E o segundo?! Fica para a próxima!

quarta-feira, julho 25

(500) Days of Summer (2009)

There is a meaning to everything, we just need to find it!

Como os meus leitores mais assíduos sabem, eu não costumo publicar as minhas opiniões sobre filmes não recentes. Excepto quando vale mesmo a pena falar neles, apresento aqui mais uma excepção...
Joseph Gordon-Levitt é um jovem que acredita no amor, nas almas gémeas e no destino. Zooey Deschanel é uma jovem que não acredita no destino, nas relações e no amor. Quando estes dois se encontram, inicia-se uma viagem única, num ciclo de 500 dias em que ambos estão juntos.
O filme é um gigantesco mar de emoções, que apesar de o espectador já saber o que irá acontecer no final, não o impede de se emocionar, de se divertir, de se arrepiar e de se rir com se não houvesse um amanhã. Quando um homem que acredita que tudo acontece por uma razão, que nega o acaso ou a coincidência, ficando fechado no seu próprio mundo, limitando-se a esperar por um milagre, ou algo emocionante, se une a uma mulher que considera o destino algo sobrevalorizado, e que não consegue manter uma relação porque simplesmente não acredita nelas, o espectador toma imediatamente partido de um dos dois lados, conforme o tempo passa percebe que no final ambos têm razão... É verdade que no universo tudo acontece por uma razão, é verdade que existe coincidências, é verdade que o destino existe ou não, é também verdade que as relações podem ou não funcionar, o que se torna errado aqui não são os ideais que cada um tem, mas sim a forma como esses mesmo ideais fazem os personagens agir. Existir destino não implica que alguém fique estupefacto, deixando a sua vida escalar o tempo sem que nada de novo aconteça, o facto de algumas relações não funcionarem, não implica que estejamos sempre a cortar laços com todas as pessoas que possam ser potenciais parceiros amorosos.
A narrativa é sem duvida o ponto forte deste filme, criando um mundo único e especial. A isto juntam-se interpretações convincentes e uma realização peculiar.

Sentimentalmente devastador, mas intelectualmente construtivo...

sexta-feira, julho 20

Puncture

Uma vida perfeita desfeita num segundo, uma vida desfeita ganha sentido num segundo...

Chris Evans deixa de ser o actor playboy, para iniciar uma carreira mais séria e consistente. Em Puncture, Evans oferece-nos uma interpretação muito para além de Captain America ou Human Torch (dos quais sou fã).
A narrativa é extremamente interessante, e politicamente incómoda. Contudo, o filme explora sobretudo a vida da personagem principal, e de que forma as outras personagens influenciam e se envolvem na sua trajectória, deixando um pouco à margem a verdadeira questão politico-social. Ou seja, à margem ficam por explorar tópicos como a razão pela qual toda a máquina da saúde não aceita as seringas de segurança, e a verdadeira implicação que este facto tem em países em desenvolvimento. Note-se que este estas questões são abordadas com alguma ligeireza, mas sem nunca entrar na profundidade exigida para um tema como este.
À parte os problemas políticos, a vida do personagem é explorada de uma forma interessante, todavia não o suficiente para que o espectador fique esclarecido.
Este tipo de filmes incomoda estratos sociais ligados ao poder económico, e choca o público mais sensível. Como mulher e pessoa emotiva que sou não posso deixar de comentar a forma desumana e pestilenta como os seres humanos são tratados no sistema de saúde americano (e não só mas essa é outra questão). Por mais anos que viva, nunca irei perceber o porquê de tanta desumanidade, só para rechear a conta bancária. É um facto que o mundo está sobre lotado de pessoas, mas justifica-se assassinar crianças e adultos propositadamente para contrariar esta tendência? Não seria melhor adoptar politicas e medidas preventivas para contrariar este crescimento aberrante de população? É um facto que não é fácil, e como não é fácil é mais confortável assassinar pessoas de forma massiva, e fazê-las sofrer de uma forma aterradora.

Este filme chega a Portugal com um atraso considerável, e esse ponto eu não podia deixar de salientar e comentar o lamentável sucedido.

Em suma, a narrativa tem muito potencial, as personagens são bem interpretadas, no entanto, a abordagem não é a melhor, não deixando de ser interessante.

segunda-feira, julho 9

Community

Quem não conhece John Hughes e a sua masterpiece Breakfast Club? Pretty much everyone!

Conhecia a série em homenagem ao realizador e argumentista, mas nunca tinha perdido tempo a vê-la. Ontem vi e arrependi-me de não o ter feito mais cedo.
Uma série hilariante! Mesmo o que eu precisava nesta época de grande tensão, e depois do final da Teoria do Big Bang!

Recomendado!

Ps - Adivinhe qual o meu favorito? Abed!

terça-feira, julho 3

Cosmopolis

A anarquia no capitalismo e o conflito existencial...

David Conenberg é o extraordinário realizador, que consegue sempre algo melhor quando agarra numa câmara de filmar, Pattison mostra ser o actor capacitado para acompanhar esta proeza.

Há um universo imenso de questões a registar sobre o filme. Digamos que toda a construção da narrativa tem uma interpretação muito individual, visto que a densidade da matéria em si é marcadamente complexa. É a mesma coisa que desfazer um novelo emaranhado em nós, uns começam pelas pontas outros pelo meio, uns conseguem desembaraçar tudo, e outros deixam uns nós minúsculos finais. Esta complexidade surge no seio de uma sociedade necrótica e de uma personagem perturbada.
Centrando, em primeiro, a sociedade podemos ver uma profunda crítica social aos deploráveis comportamentos humanos em prole do poder económico, muito marcado pela tão célebre crise, que faz nascer novas e absurdas ideias de desleixe emocional. Para reforçar todo este declínio moral, ainda é reforçada a ideia de que tudo isto se poderá dever a uma cultura estéril, substituída por informações decadentes e paupérrimas em conteúdo fruitivo.
De tudo isto nasce um carácter também emocionalmente decadente, que abandona o relacionamento espiritual, baseado a sua vida em relações carnais, desprovidas de emoção, proporcionando prazer momentâneo. Neste complexo ser, é dissecada a sua essência na frase "I wanted you to save me", aqui reside o segredo da dor pessoal deste sujeito. Ter tudo, conquistar tudo, poder tudo e mesmo assim não saber se viver é uma opção, é algo que vale a pena considerar. Será que a descomplicação da vida, complica a construção do ser?
 Estas são as mais básicas questões, que iniciam uma emocionante descoberta pelo mundo óbvio e ignorado.

Cada vez que vê a opinião oscila... Pronto para andar na corda bamba?

sexta-feira, junho 29

Caros Leitores

Devido à época de exames, este blogue será actualizado menos vezes na próxima semana. Agora que a adrenalina cresce deixo-vos com a sua fórmula química, molécula que nos últimos tempos tem sido abundante no meu sistema e a minha maior inimiga...
Quem já me conhece sabe que odeio química, prefiro muito mais a física. Dai a ironia neste texto!



http://pt.wikipedia.org/wiki/Adrenalina

sexta-feira, junho 22

The Borgias - Season Finale Review

Um final para ver e ansiar por mais...

Ao contrário do que aconteceu na temporada anterior, este final foi completamente arrebatador, totalmente imprevisível, de cortar a respiração... 
François Arnoud consegue sem dificuldade assumir o papel sombrio, anteriormente ocupado por David Oakes e, para beneficio dos fãs, consegue manter diálogos bastante intensos sem nunca perder a verdadeira essência da personagem. Neste último episódio consegui finalmente perceber o talento deste jovem, que já havia dado alguns sinais em episódios anteriores desta mesma temporada.
Jeremy Irons encarna aquela que é uma das personagens que marcará a sua carreira para sempre. Digo isto porque, Irons está sublime e a cada episódio que passa, apercebemo-nos da magnificência da sua interpretação, este episódio foi o clímax do seu Alexander Borgia.
Holiday Granger também revela momentos de extrema tensão no diálogo e uma excelente postura em frente à câmara. Esta rapariga enfeitiça a lente, que por sua vez fá-la erradicar beleza e sensualidade.
Ainda se nota a falta de Juan Borgia, mas penso que esta ausência será preenchida com relativa facilidade. No entanto, cresce a ansiedade em saber o que acontecerá a Alexander Borgia, não adiantarei mais sobre o assunto porque li a bibliografia da personagem história, assim o que para mim é agora evidente para os meus leitores deverá permanecer um desconhecido mistério...
Em conclusão, vi um excelente trabalho da realização e uma inacreditável direcção de actores.

Agora o tempo fará crescer a ansiedade, espera-se uma temporada no mínimo intensa!

Ps - What will the Dark Prince do?

sexta-feira, junho 15

The Borgias - 1 Episode Left


Atenção contém Spoilers

E os Borgias nunca mais serão os mesmos...

No penúltimo episódio de Borgias assistimos a uma das cenas mais esperadas de toda a série, Juan Borgia é assassinado pelo irmão, Cesare Borgia. Uma das melhores personagens desta série desaparece, a loucura de Juan já não vai fazer parte da terceira temporada, e com isso penso que perderá muito. A ausência deste homem perturbado e perturbador é estupidamente evidente e o seu regresso foi com certeza um triunfo para a série. David Oakes deixa assim a personagem da sua vida, com final desta temporada, que promete ser do melhor que já se viu, promete vingança e ódio, promete ser marcante e surpreendente.
Antes de mais é importante prever que a próxima temporada vai sofrer grandes abalos e vai exigir uma suprema  responsabilidade da parte de François Arnoud (Cesare Borgia) e Holiday Granger (Lucrézia Borgia), os estreantes vão ter de se equiparar a Jeremy Irons (Alexander Borgia), não é que não o tenham feito ao longo de toda a série, no entanto, note-se que as cenas de maior tensão e ansiedade são entre Juan e Alexander, Juan e Cesare e até mesmo Juan e Lucrézia, facto é que o irmão do meio está sempre lá carregando nos ombros o peso do ódio de um poderoso guião. Com tudo isto manifesto algum receio em relação ao futuro desta temporada, não por não ver talento nos actores, mas porque receio não haver intriga, ódio e tensão suficiente entre as restantes personagens. Penso também que todas estas emoções possam nascer depois do homicídio, ainda assim permaneço cautelosa.
Futuramente deixarei aqui a minha opinião sobre o último episódio, por agora é tudo. Até breve.

quinta-feira, junho 7

Midway by Chris Jordan

Atenção estas imagens podem chocar os mais sensíveis, pelo menos a mim chocou-me...

Recebi este chocante vídeo/trailer no meu e-mail. Como amante da natureza não podia deixar de condenar o que se está a passar no nosso planeta, é completamente macabro o que se passa a quilómetros da civilização humana.


Como é que é possível deixarmos isto chegar a tão cruel ponto?

terça-feira, junho 5

Game of Thrones - Season 2 Finale Review

Atenção Contém Spoilers...

Winter arrived...

O final de Game of Thrones foi o melhor que se pode imaginar, aquele momento pelo qual os fãs esperavam, a chegada do inverno, a chegada dos Outros (excelentes efeitos especiais). Finalmente Jon Snow parece ganhar relevância, sabia que estaria para breve, não sabia é que iria ser no próprio dia em que escrevi a review do penúltimo episódio.
Daenerys Targaryen está a um passo de conquistar o Iron Throne, mas ao que consta os Lannisters e Jofrey, não parecem severamente preocupados, brevemente isso mudará, especialmente pelas as alianças que rapariga, aparentemente indefesa, pode vir a criar.
Tyrion Lannister está vivo e promete continuar em cena, sente-se que vem por ai uma vingança, o perigo deste homem é a espera e a planificação antes do derradeiro ataque, por isso acredito que será uma ameaça bastante forte, para o "rei tresloucado", ainda que pareça fragilizada. 
Os inimigos do Sul nascem como cogumelos, e o Norte não parece estar muito unido, as alianças prometem ruir depois do casamento apaixonado de Robb Stark, as relações de poder no Norte irão começar a inflamar.
Arya é agora uma potencial ameaça para o sul, nunca subestimem esta menina...
Mas e os Outros? Lordes e não lordes do Norte e o Sul parecem ignorar esta chegada (com a excepção do Eunuco que alertou Tyrion para este acontecimento). No seio de tantas intrigas e jogos de poder parecem esquecer-se daqueles que iram mudar totalmente o rumo da história, e da vida...
Tenho de salientar a banda-sonora, especialmente bem conseguida, sensual, receosa, poderosa e ao mesmo tempo misteriosa... Uns efeitos especiais com gloriosos momentos, mas também com cenas um pouco deploráveis. A caracterização tem um "je ne sais quoi", e a realização está mais uma vez magnifica, com um jogo de luz que realça o sentimento de insegurança, medo, paixão e ódio que se vive em Game of Thrones...

Um final surreal!

Ps - É interessante perceber o quanto a televisão está a "roubar" ao cinema, o quanto se está a elevar, quase ao nível de grandes produções cinematográficas. É uma transformação artística muito interessante, espelho de muitos dos problemas sociais que vivemos, note-se que não existe dinheiro para ir ao cinema, mas para a luz da televisão há sempre...