terça-feira, setembro 4

360

360º formam o círculo perfeito, mas será a vida e o filme assim tão perfeita?

Meirelles realiza uma história muito diferente daquilo que já o vimos fazer. Sem duvida que o projecto é muito interessante, no entanto, receio que não seja o género do realizador, pelo que se tornou um pouco inglório.
O filme tem inconsistências bem vincadas, o que neste género (mosaico) é facilmente detectável, vidas que se cruzam, destinos enlaçados e histórias de vida que são ambiciosas e com um excelente potencial, mas revelam pouco interesse no plano final. A sensação que se tem ao ver o filme é que até ao baixar do pano, pensamos que algo mais vai acontecer, e que existe mais alguma coisa na qual não se pensou, mas chega-se à conclusão que não existe nada, que rasgar o papel de parede não nos leva a mais lado nenhum. O argumento falha redondamente, é pouco coeso, maçudo e fracamente envolvente. À parte este fosso textual, existe uma magia muito natural nos personagens que acaba por "encantar o espectador", sobretudo Anthony Hopkins e o seu monólogo ensurdecedor.
Considero particularmente difícil realizar este tipo de filme, um realizador tem de ser subtil, envolvente, harmonioso e intrigante, Meirelles é um homem de filmes crus, violentos, frios e macabros, nunca me pareceu que o projecto pudesse ser do seu "género", no entanto, à que sair da zona confortável e explorar outros horizontes, Fernando Meirelles faz isso, e só pelo simples facto de o concretizar merece pelo menos esse mérito.
Este projecto na mão de Steven Soderbergh era um estrondoso sucesso.