A Magia do teatro no cinema,
A história de uma mulher prisioneira da sua própria existência...
Um dos maiores clássicos da literatura chega ao cinema, com um orçamento de crise e a assinatura de Joe Wright, uma combinação que não poderia ser mais perfeita...
Anna Karenina é uma aventura emocionante pelo mundo da fotografia original, e pelo teatro em movimento, transmite o principio de que é possível fazer-se cinema num teatro. Mas será possível fazer cinema estupendo confinado num teatro? Obviamente que sim!
A originalidade é o ponto mais forte de todo o filme, Mathew Macfayden tem uma performance muito acima do excelente sendo mesmo o melhor actor em cena, com uma personagem loucamente cómica e provocante. Aaron Johnson é sedutor e delinquente, contrastando com Jude Law, um honesto e respeitável homem da aristocracia Russa consumido por costumes e vidrado em boas maneiras. A bela e encantadora Keira Knightley é electrizante a cada segundo, continua a existir uma química claramente surreal com câmara, um feitiço que a actriz lança ao público e perdura durante todo o filme. Dario Marianelli é uma das peças chaves, autor de uma banda-sonora magnifica e de uma criatividade inigualável, que faz o espectador contorcer-se de arrepios. Tom Stoppard constrói um argumento contagiante mas complexo, relaxante e irritante, um ingrediente fantástico, que proporciona ao filme outro nível de encantamento.
Quando vemos esta película sente-se a música a ecoar nos ouvidos de forma que as palavras amargas nos soam a doces, os olhares que se cruzam são tão intensos que a música deixa de reinar e a incerteza apodera-se da nossa mente, ainda sem perder o rumo o nosso corpo sente o silêncio que os nossos ouvidos ignoram e cria um ensurdecedor ruído de medo e incerteza. Anna Karenina consegue transportar-nos para um plano celestial de puro deleite, sustentado por alicerces de interpretações estrondosas.
Toda a metáfora associada à ideia de que dentro do teatro estamos no plano aristocrata, preso à sua sociedade hipócrita e mesquinha, curvado perante os moldes dos bons costumes que soam a medo, e fora do teatro reina um mundo livre de polimentos, onde o sol irradia o ar puro e a vida deixa de ser fútil. É divinamente brilhante.
Anna Karenina é cinema encantador e mágico...