domingo, julho 20

Aritmética Vindicta - Parte F

Petra e Salvador estiveram longas semanas no hospital, mas tudo funcionou como deveria ser. Vitória começava a sentir ciúmes doentios dos dois amigos, não conseguia controlar os seus instintos, e a amizade começou a corroer.
Petra e Salvador encontravam-se no café da esquina sem o conhecimento de Vitória: - Eu não percebo porque é que ela está assim… - Afirmou Petra com alguma melancolia. – Eu não devia ter aceitado a tua proposta. – Não sejas parva! Eu fiz o que tinha de ser feito, és minha amiga, e precisavas de ajuda, essa é a minha missão. – Petra sorriu inocente para Salvador, e ele sentiu-se reconfortado, incomodamente reconfortado, ele apercebeu-se de algo desconfortável, estava apaixonado, e ela não estava assim tão interessada.
Vitória observava-os de longe pelo vidro do café, criou dentro de si uma raiva impetuosa, e também descobriu algo perturbador, ela já não era Vitória, era uma mulher diferente, uma mulher escondida na mente apaixonada daquela que tinha nome de feliz resolução. – Eu vou destrui-los! – Exclamou a voz da segunda personalidade.
A oficial namorada de Salvador não sabia que entre eles não havia nada, a sua mente doente e inconsciente da existência de duas personalidades no mesmo ser, preparou uma vingança doentia.
Salvador foi até casa de Vitória, ela aguardava-o pacientemente. – Olá Vi! – Olá…. – Que se passa contigo? – Salvador detectou uma diferença no tom de voz. – Nada. – Conforme Salvador se curvou para a beijar, Vitória espetou-lhe uma seringa no pescoço e ele cai instantaneamente no chão, agora só tinha de lhe apagar a memória, e continuar a ser a única mulher na vida dele.
Ligou para a casa da amiga, Petra atendeu o telefone: - Estou! – Petra? – Perguntou Vitória num tom assustado. – Sim! Vi? Diz! Que se passa? – Petra ficou verdadeiramente alarmada! – Vem depressa! O Salvador desmaiou na minha sala! Preciso de ajuda para o levar para o hospital! – Vou já! – Petra largou o telefone e correu até casa de Vitória. Viu a porta encostada e entrou sem questionar. – Vi? – Petra procurava a amiga, até que encontrou Salvador no chão, conforme pensou em caminhar para ele, Vitória agrediu-a violentamente, Petra caiu no chão e Vitória esfaqueou-a no peito. Petra teve morte imediata.

Salvador sentia os olhos pesados, e a confusão atingiu-o, abriu as pálpebras vagarosamente e viu Vitória: - Estás bem amor? – Salvador expressou intriga e perguntou: - Quem és tu? – Vitória sorriu e perguntou: - Não te lembras de mim?

Fim(?)

Aritmética Vidicta - Parte E

Petra era estudante de medicina, Vitória era estudante de arquitectura. Elas eram inseparáveis, completamente dependentes uma da outra. Salvador era vizinho de Petra, namorado de Vitória, estudante de medicina.
Petra era uma jovem divertida, sociável e irreverente, Vitória era sossegada, reservada e conformista. Os três viviam em perfeita comunhão, não havia nada nem ninguém que os conseguisse separar, até ao dia em que Petra adoeceu, e Salvador não conseguiu resistir.
Petra sofria de insuficiência renal crónica desde os 20 anos, não tinhas grandes prespectivas de encontrar um dador, e sonhava viajar, mesmo que soubesse que não iria conseguir. Num tímido dia de Outono os três conversavam no alpendre da casa de Vitória, Salvador falava do seu último heroico acto, da forma como salvou um doente com uma transfusão do seu próprio sangue, AB-. – Olha esse é o meu tipo de sangue! – Reagiu Petra entusiasmada. – A sério? – Salvador ficou surpreendido, como é que era possível conhecerem-se há tanto tempo e não saberem o tipo de sangue uns dos outros? Salvador teve um laivo de loucura e ponderou no interior do seu ser: Será que somos compatíveis? A tarde fluiu, a noite passou e o dia seguinte foi de investigação clínica. Salvador estagiava no mesmo local onde Petra fazia os tratamentos, conseguiu o sangue dela com facilidade e fez os testes que precisava, descobriu que ele seria o dador perfeito.

Petra e Vitória rejeitaram a ideia de Salvador, mas a insistência do jovem convenceu-as. O dia da cirurgia chegou, a anestesia fez efeito sobre Salvador, não se lembrava da cirurgia, lembrava-se de Petra, queria saber como ela estava, queria vê-la, Vitória começou a sentir ciúmes, Petra não sentia nada para além das dores da cirurgia, o destino começou a tecer as suas malhas.