Uma vida perfeita desfeita num segundo, uma vida desfeita ganha sentido num segundo...
Chris Evans deixa de ser o actor playboy, para iniciar uma carreira mais séria e consistente. Em Puncture, Evans oferece-nos uma interpretação muito para além de Captain America ou Human Torch (dos quais sou fã).
A narrativa é extremamente interessante, e politicamente incómoda. Contudo, o filme explora sobretudo a vida da personagem principal, e de que forma as outras personagens influenciam e se envolvem na sua trajectória, deixando um pouco à margem a verdadeira questão politico-social. Ou seja, à margem ficam por explorar tópicos como a razão pela qual toda a máquina da saúde não aceita as seringas de segurança, e a verdadeira implicação que este facto tem em países em desenvolvimento. Note-se que este estas questões são abordadas com alguma ligeireza, mas sem nunca entrar na profundidade exigida para um tema como este.
À parte os problemas políticos, a vida do personagem é explorada de uma forma interessante, todavia não o suficiente para que o espectador fique esclarecido.
Este tipo de filmes incomoda estratos sociais ligados ao poder económico, e choca o público mais sensível. Como mulher e pessoa emotiva que sou não posso deixar de comentar a forma desumana e pestilenta como os seres humanos são tratados no sistema de saúde americano (e não só mas essa é outra questão). Por mais anos que viva, nunca irei perceber o porquê de tanta desumanidade, só para rechear a conta bancária. É um facto que o mundo está sobre lotado de pessoas, mas justifica-se assassinar crianças e adultos propositadamente para contrariar esta tendência? Não seria melhor adoptar politicas e medidas preventivas para contrariar este crescimento aberrante de população? É um facto que não é fácil, e como não é fácil é mais confortável assassinar pessoas de forma massiva, e fazê-las sofrer de uma forma aterradora.
Este filme chega a Portugal com um atraso considerável, e esse ponto eu não podia deixar de salientar e comentar o lamentável sucedido.