sábado, agosto 17

The Conjuring

Há coisas que a razão não explica e a religião mantêm em segredo...

The Conjuring é o novo filme de terror de James Wan, o jovem realizador que deu que falar em Saw, Insidious e Dead Silence, com diversos prémios em filmes de terror Wan arrisca num tema controverso e sempre aterrorizante, com actores que merecem um honroso destaque Vera Farmiga, Patrick Wilson e para Lili Taylor, que se supera enquanto actriz e enquanto personagem.
A história antes de mais é baseada em factos verídicos narra a história de um casal investigadores do paranormal que se vêem confrontados com um dos maiores desafios das suas vidas, um espírito que assombra uma família desesperada para sobreviver a esta maldição. O argumento está perfeito, as interpretações estão hipnotizantes, o exorcismo está bem realizado e a fotografia muito interessante, efeitos especiais discretos e um suspense que cresce são a chave para fazer uma filme muito próximo do magistral.
Com tantos filmes de terror a sair todos os anos todos eles horrivelmente mal feitos, digamos que este filme é uma lufada de ar fresco no género, chega e ser uma raridade mesmo. Apesar de um final previsível os dez segundos antes do filme deixam o espectador arrepiado e com alguma expectativa, o que não deixa de ser interessante.
Recomenda-se para os fãs do género, para os cépticos e os para religiosos mas, não se recomenda aos medrosos, esta película pode transtornar as mentes mais sensíveis, e deixar algumas noites em branco, especialmente quando as fotografias das pessoas a quem isto aconteceu aparecem no final...

sábado, agosto 10

O Maravilhoso Mundo do Absurdo - Parte 8 - Final

Dulius estava sem discurso, não queria magoá-la mas, ao mesmo tempo não lhe queria mentir, o dilema interior fê-lo optar pelo mais correcto:
- A tua mãe morreu...
Éter havia previsto o que o rapaz iria dizer, sem verter uma única lágrima perguntou:
- Como?
Assim que ela proferiu estas palavras apareceu um anão correndo desenfreadamente pelo corredor, disse num tom ofegante e desesperado:
- Príncipe, o rei espera por si, apresse-se!
Dulius puxou Éter e correu em direcção ao quarto do pai. Deitado estava um homem grisalho com os cabelos longos e barba igualmente longa, os olhos encovados e os lábios descolorados previam um desfecho trágico. Assim que o príncipe se aproximou da beira da cama, o rei retirou um anel de esmeralda e passou-lho para a mão, Dulius deu a mão ao pai e sem mais demora o rei deu o seu último suspiro de vida.
Éter tinha assistido à morte do rei de Darnatus e à passagem do testemunho, o príncipe era agora rei e ela era agora rainha. Aquilo que queria desesperadamente evitar acabava de se tornar o seu destino. Ao observar o olhar de medo e desespero em Éter, Stratius aproximou-se e disse:
- O tempo anda para a frente mas, também volta para trás... Quatro é o número do passado...
A princesa olhou para a ampulheta que tinha ao pescoço, posou novamente o seu olhar em Dulius, e percebeu que o amava, que queria passar o seu tempo com ele, a única questão era que não tinha vivido a sua vida com a ganância de querer mais, a verdade tinha arruinado com ela mas, o futuro tinha-a elucidado.
Aproximou-se do príncipe, agora rei, e puxou-lhe o cabelo para trás, acariciou-o no rosto com a mão direita e com a esquerda deu quatro voltas à ampulheta. Ouviu ao longe uma voz que chamava por ela, fechou os olhos e quando abriu, viu Insanis do outro lado da grade, com um sorriso rasgado e orgulhoso:
- Então princesa já decidiu que caminho quer seguir?
Éter olhou para o seu vestido verde, sorriu, finalmente tinha decidido e, sabia o que queria. O que fariam as cinco voltas?

Final (Indeciso)

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sexta-feira, agosto 9

O Maravilhoso Mundo do Absurdo - Parte 7

As lágrimas escorriam pela face de Éter o mundo girava em seu redor, não fazia ideia do que estava a acontecer tudo continuava escuro e medonho, não parecia estar a regressar a casa. Quando tudo ficou estático viu-se no interior de um palácio todo negro e espelhado, olhou em volta e viu Dulius a esticar-lhe a mão:
- Vamos? - Éter olhou-o confusa. - Não vou a lado nenhum contigo!
Dulius estava confuso: - Mas estivemos juntos todo este tempo e agora que o meu pai está assim... Tenho de assumir o trono, eu percebo que tenhas de regressar mas....
Éter tapou-lhe a boca com a palma da mão e olhou para o que tinha vestido, os sapatos vermelhos, as luvas igualmente encarnadas, as calças negras e o corpete metalizado faziam com que ela parecesse uma... não poderia ser, era impossível, ela estava em Darnatus, estava vestida como uma guerreira e o príncipe estendia-lhe a mão como se... - O que é que se passa?
Dulius franziu a sobrancelha: - O meu pai está na cama, vai-me passar o testemunho agora amor.
Éter arregalou os olhos: - Amor?! - Foi nesse momento que o príncipe olhou para o colar de Éter, a ampulheta no seu pescoço...
- Tu não te lembras de nada... Andaste para a frente no tempo. - A expressão no rosto do rapaz era de tristeza e desilusão.
A princesa tinha rodado a ampulheta ao ponto de ir para o futuro, a verdade era que tinha escolhido ficar em Darnatus, com o príncipe responsável pela morte do seu pai, ela julgava sentir algo pelo príncipe Litius mas, a verdade é que eram primos. Seria possível ela ter-se apaixonado por Dulius? Estaria ela disposta a casar com ele? Não fazia ideia do que estava a acontecer, que rapariga era aquela vestida de negro, o que era ela capaz de fazer? Que idade tinha? Que ambicionava? Que sonhos tinha? Estava perdida no espaço e no tempo, queria regressar a casa mas, não sabia como.
- Há quanto tempo estou eu aqui? - Perguntou Éter confusa e com receio da resposta.
O rosto de Dulius entristecera, estava prestes a perder o pai, a ser rei e a perder a mulher que amava, foi então que Stratius respondeu pelo seu amo: - Um ano... - Éter olhou para a sua mão esquerda, quando a abriu uma nuvem laranja emanou do seu interior. - Eu tenho...
Dulius completou-a: - Sim, tu tens o poder do quinto elemento, Lítius tentou roubá-lo mas, juntos conseguimos impedi-lo. Está preso com o pai nas masmorras de Darnatus. Matiquis apoderou-se do reino temos de a manter afastada. - E Dominus? A minha mãe? - O príncipe negro baixou novamente os olhos e não respondeu, não queria partir o coração da sua amada.

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quinta-feira, agosto 8

O Maravilhoso Mundo do Absurdo - Parte 6

Stratius levou Éter até uma taberna bastante marginalizada e com o papel de parede arranhado, toalhas de mesa manchadas de negro e nódoas cinzentas no tecto, relutante e amedrontada a princesa seguiu a serpente até ao balcão de pedra negra:
- Onde está ele? - Perguntou ao homem barbudo do outro lado do balcão. Ele acenou para o lado esquerdo sem proferir uma única silaba. Quando Éter rodou a cabeça viu uma sombra num dos cantos, sentada num banco encostada à parede, Stratius rastejou até lá e disse:
- Amo acho que encontrei uma foragida...
- Eu não sou nenhuma foragida! - Alertou Éter.
O homem saiu do escuro que o cobria e a princesa conseguiu ver-lhe o rosto, tinha uma cicatriz do lado direito em meia lua desde a testa até ao queixo, os olhos eram de um vermelho rubi, a cara larga e morena, com um nariz pontiagudo e largo davam-lhe um ar pesado e mafioso, as suas mãos largas dirigiram-se ao colar da princesa e num tom rouco e asqueroso disse:
- Vejo que vens de Dominus... Como te chamas?
- Éter.
- Éter? - O homem parecia conhecer o nome, a surpresa foi instantânea. - A princesa de Dominus?
- Sim. Eu própria. - Disse a rapariga de forma prepotente.
- Não te recordas de mim? - A confusão apoderou-se da jovem.
- Não... Devia? - O homem entristeceu e respondeu:
- Sou Dulius. Filho do ex-marido da tua mãe, sou o bastardo que nasceu fora do casamento a razão porque eles se separaram e obrigou a rainha a criar Dominus, ela separou Merinder em três mundos, em vez de dois mas, não havia espaço para mais um então o teu mundo tornou-se absurdo e indeciso, a verdade é que o teu pai é o verdadeiro rei de Luminatus e a tua mãe rainha de Darnatus. O irmão de Casquilos, Lordus, apoderou-se do seu reino, o teu pai não se importou pois tinha a tua mãe e mais tarde nasceste tu. Visitei-te uma vez com Insanis, foi no dia em que recebi esta cicatriz. - Éter estava pasmada com aquilo que acabara de ouvir, o homem era afinal um rapaz a que o tempo não tinha dado juventude, continuou a ouvi-lo sem desfazer a surpresa no seu rosto. - O teu pai não aprovava a minha presença em Dominus, e levou-me de volta. Morreu ao fazê-lo. - Éter enfurecida disse:
- Então foi por tua causa que ele morreu. - Dulius baixou os olhos em sinal de culpa e disse:
- O teu pai morreu em Luminatus às mãos da feiticeira Matiquis, foi a partir desse momento que ela conseguiu ligação com o teu mundo, já com o meu ela não tem qualquer ligação, visto que não matou nenhum membro real. O teu pai morreu para me fazer regressar ao meu mundo. É por isso que vais receber o teu poder, tudo o que te contaram de receberes os poderes da tua avó o alinhamento dos planetas, isso é tudo mentira, a verdade é que receberás o teu poder porque ele pertencia ao teu pai, ele guardou-o antes de regressar comigo a Darnatus, parece que pressentiu que algo iria acontecer... - Éter começou a chorar, não queria mais ouvir o que o rapaz tinha a dizer. - Chegámos a brincar juntos. Além disso o teu pai regressou a Luminatus para que não me magoassem se eu por qualquer razão lá voltasse, a verdade é que isso lhe custou a vida. - Disse o rapaz na esperança de que Éter o pudesse perdoar. Em vez disso a rapariga rodou a ampulheta mais vezes do que aquelas que deveria, no total foram seis, foi então que o inesperado aconteceu. 

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quarta-feira, agosto 7

O Maravilhoso Mundo do Absurdo - Parte 5

Darnatus prometia ser ainda mais sombrio e perigoso que Luminatus mas, isso não iria impedir Éter de explorar o território. Levantou-se do chão com o seu vestido branco manchado de negro, um dos sapatos com o brilho perdido, o seu cabelo irisado com nós, que mais tarde iram ser penosos de remover. Começou a caminhar em direcção a algo que não sabia o que era, após ter caminhado uns longos metros tropeçou, algo áspero começou a entrelaçar-se nas suas pernas:
- Quem és tu? - A voz era rouca e carregada nos S's.
- Éter!
- Mas que raio de nome é Éter? - Quando olhou para os seus pés viu uma serpente gorda de olhos rasgados, cor de mel, pele azul celeste e escamosa. Éter começou a ficar assustada e perguntou:
- Por favor não me faças mal!
A cobra sorriu expondo as suas presas, desentrelaçou-se das pernas despidas e trepando o vestido, aproximando-se do rosto da jovem disse:
- Quem és tu? Sem mentiras desta vez. - A ameaça fazia-se notar no tom de voz.
- O meu nome é Éter e não pertenço a esta terra... - Os olhos da rapariga estavam aterrorizados e a respiração começava a ser ofegante.
- Estás a dizer a verdade... - A serpente expressou intriga e começou a escorregar em direcção ao chão, quando terminou ergueu a cabeça e disse: - O meu amo vai gostar de te conhecer, apesar do nome esquisito não és nada de se deitar fora... - Revelou um sorriso matreiro.
- Quem é o teu amo?
- Vejo que não és mesmo destas bandas se não saberias quem eu sou e quem é o meu amo... O meu nome é Stratius e aconselho-te a seguir-me se não queres provar o veneno das minhas presas... - Éter seguiu a serpente sem questionar.
Em Luminatus o príncipe informava o pai da fuga da princesa de Dominus, Lordus ficava enfurecido a cada palavra de Lítius e de repente Matiquis apareceu e disse:
- Tens de encontrá-la precisamos do seu poder.
O príncipe expressou surpresa e disse:
- Mas, ela ainda não tem poder nenhum.
Matiquis aproximou-se do rosto do rapaz e proferiu uma palavra:
- Encontra-a!
- Como? - Respondeu o jovem assustado.
A mulher arqueou as costas e retirou de uma das suas mangas uma bolsa púrpura com fios dourados dizendo:
- Esta areia permite-te viajar para Darnatus e regressar.
- Darnatus? - Os olhos do rapaz ficaram assustados e receosos, duplicaram o seu tamanho em milésimos de segundo, não era o sítio que ele esperava visitar. O rei também demonstrou preocupação no seu rosto e perguntou:
- Como sabes que ela lá está? Afinal não temos ligação com aquele mundo!
Matiquis sentiu-se ofendida com a questão e, respondeu com desdém:
- Porque ela não está em mais lado nenhum...

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segunda-feira, agosto 5

O Maravilhoso Mundo do Absurdo - Parte 4

Éter sentou-se à mesa observando o corrupio de pessoas a prepararem a mesa de forma frenética mas, delicada. De repente o rei entrou sozinho no salão, parecia estar de braço de dado com alguém contudo, na verdade não existia ninguém a seu lado, o que fazia com toda aquela situação fosse perturbadora. Lítius aproximou-se de Éter e sussurrou-lhe ao ouvido:
- O meu pai ainda age como se a minha mãe fosse viva...
Éter ficou confusa, apesar de tudo não demonstrou nem por um segundo aquilo que sentia. O rei sentou-se alegremente na cabeceira da mesa trocando olhares provocantes com a outra ponta, mais uma vez vazia. Quando repararam tinham à sua disposição todo o tipo de iguarias, desde bolos a frutas. Éter perguntou com surpresa e relutância:
- Aqui comem plantas e os seus filhos, os frutos
- Sim, aqui não é como em Dominus, as plantas não falam. - Respondeu o príncipe.
- Mas têm vida e sentem? - Perguntou Éter mais uma vez relutante à ideia. - Como sabem que em  Dominus as plantas e frutos falam?
O rei Lordus trocou-o olhares de preocupação com o lugar vazio à sua frente e respondeu quase ofendido:
- Eu sei tudo o que se passa neste e no outro mundo. E é claro que as plantas aqui não sentem!
Éter sorriu cinicamente e não ficou contente com a resposta, afinal ele sabia tudo sobre Luminatus e Dominus mas, e Darnatus? Não queria fazer mais perguntas com medo da reacção do rei e do príncipe afinal estavam a ser tão amáveis e conscienciosos. Antes de começar a comer aquilo que considerava ser um crime horrendo, pediu para antes de mais visitar o jardim que conseguia ver pela varanda do salão, quando se levantou com o príncipe e o rei e reparou que os arbustos e árvore formavam um complexo labirinto, começou a temer aquela visita.
- Vamos entrar? - Perguntou o príncipe eufórico.
- Sim... - Respondeu Éter reticente.
Ambos caminharam para o exterior e o rei ficou no conforto da varanda, no topo da escadaria, ao seu lado estava a  invisível feiticeira Matiquis, assumindo a forma da sua falecida esposa.
- Só temos que esperar que ela se apaixone por ele, e depois tudo o que é dela será nosso. - Disse a feiticeira num tom de escárnio.
- Não achas que Caeruleõ vai ser um problema? - Perguntou Lordus preocupado.
- Ela não sabe onde está a filha, e quando souber vai ser tarde demais. - Disse a feiticeira que sabia tudo o que se passava nos dois mundos.
Quando a princesa entrou no labirinto o medo começou a apoderar-se dela especialmente quando os guardas selaram a entrada do labirinto e os arbustos pareciam gritar de aflição, de repente olhou para o chão e reparou numa flor branca a chorar. Baixou-se pelo que a flor lhe disse:
- Princesa Éter fuja enquanto tem tempo. Este mundo parece são e seguro mas, não passa de uma aparência. Se ficar irá arrepender-se.
- Como sabes o meu nome?
- Todos aqui sabem quem é! E querem roubar-lhe todo o seu poder!
- Mas eu ainda não tenho poder! Além disso o príncipe é um deleite de homem. - Disse Éter corando.
- É isso que querem que pense, que case com ele e unidos os dois mundos, poderão destruir Dominus!
- E como sabes tudo isso?
A flor olhou para cima aterrorizada e murchou. Quando Éter se virou para trás viu o príncipe Lítius.
- Vamos sair daqui juntos princesa? Basta assobiar para a águia nos levar...
Algo no seu olhar tinha mudado, a aflição da flor era legitima e os pratos de frutos também. Éter levantou-se repentinamente e começou a correr, até que um dos arbustos a puxou e disse:
- Rode a ampulheta e volte para casa!
Antes de mais havia um sitio a visitar antes de ir para casa. Rodou três vezes a ampulheta e quando o último grão de areia caiu ela estava num mundo negro, sombrio e obscuro, Darnatus.

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domingo, agosto 4

O Maravilhoso Mundo do Absurdo - Parte 3

A princesa e o príncipe entraram no castelo luminoso e resplandecente, no fundo do salão principal estava um trono prateado com ornamentos dourados, os terminais tinham pedras preciosas e sentado estava o rei, ao seu lado estava um trono vazio e igualmente enfeitado.
- Entrem! - Disse o rei com alguma histeria e boa disposição.
Os guardas permitiram a entrada para a zona íntima do salão depois de ouvirem o seu todo poderoso. Éter estava cega de tanta luminosidade e brancura, olhou para trás e viu os seus passos marcados no chão cal, também reparou numa mulher que seguia quem entrasse no palácio, a sua função era limpar o chão que os convidados pisavam de forma a evitar as marcas negras no glorioso chão. A mulher tinha um aspecto deteriorado e cansado, os olhos encovados, o queixo saliente e pontiagudo e o nariz redondo e largo, eram traços que lhe pesavam tal como o trabalho que exercia. Éter voltou a olhar para a frente e o sorridente rei cumprimentou-a amavelmente:
- Bem-vinda princesa!
A surpresa nascia no rosto pálido da jovem:
- Sua alteza... Perdoe-me mas, como sabe quem eu sou?
O rei Lordus riu-se compulsivamente e o príncipe respondeu:
- Como eu disse o meu pai sabe tudo!
Éter passou imediatamente de assustada para fascinada. Entretanto Lordus disse para um dos seus servos:
- Tragam uns sapatos e roupas para a princesa e preparem o lanche!
- Lanche? Mas eu...
- Insisto para que fique princesa!
Os sapatos chegaram num ápice, era brancos com um gigantesco brilhante no topo, o vestido era também ele branco, redondo, com rendas no terminal, assim como nas mangas, para além disso os acessórios para o cabelo eram pintados de preciosismo, era como se já estivessem à sua espera há algum tempo. 
Entretanto Éter foi levada até ao quarto onde se vestiu, do outro lado da porta esperava-a Lítius. Quando terminou de se arranjar, com a ajuda de uma costureira e cabeleira, o príncipe e Éter caminharam por entre os corredores e escadarias até ao salão destinado para as refeições.
O rei ficara para trás assim como os guardas e a serva que limpava o chão, Lordus disse:
- Guardas! Deixem-nos!
Os homens corpulentos abandonaram o salão e o rei ficou com a mulher:
- Ela chegou finalmente!
Após Lordus proferir estas palavras a mulher desdobrou-se em duas, uma permaneceu a limpar o chão, a outra era pequena, de olhos roxos e cabelo louro, os dedos preenchidos com anéis de rubi e um vestido branco extraordinariamente comprido.
- Que penseis fazer agora alteza? - Disse a mulher num tom provocador.
- Diz-me tu Matiquis! Afinal és quem mais pratica magia...
Sorriram um para o outro, deram o braço e caminharam para o outro salão.

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sexta-feira, agosto 2

O Maravilhoso Mundo do Absurdo - Parte 2

Éter olhou para a ampulheta com toda a cautela e cuidado, como se o olhar pudesse quebrar o objecto, era de bronze, a areia era dourada, era do tamanho do seu dedo indicador e tinha um cordão também ele de bronze, não conseguia ver onde os seus pés pousavam mas, sentia a irregularidade térrea do pavimento. Aquela seria a ampulheta que permitira o Louco viajar pelos três mundos? Só poderia ser. Afinal tinha pedido uma saída e o seu amigo concedera o seu pedido. Impaciente deu dois passos em frente até conseguir alcançar a ampulheta, o tecto tremia e a luz era trémula e escassa, com alguma hesitação pegou no objecto e abraçou-o contra o peito, o inicio do seu sonho tinha agora começado:
- Ele disse duas voltas para Luminatus e três para Darnatus!
A princesa deu duas voltas à ampulheta, quando o último grão e areia caiu favorecendo a gravidade, olhou em seu redor e já não estava escuro, a luz era pura, branca e angelical. Ainda embriagada com a sensação de liberdade e concretização de um sonho colocou o cordão ao pescoço e começou a caminhar entre a vegetação verde e branca, evitara tocar em todas as aquelas formas divinas e permanecia pasmada com tudo aquilo que via, até que num ápice alguém a agarrara e lhe tapara a boca com uma mão branca, complexa, estranhamente reconfortante e quente. Uma voz masculina sussurrou-lhe ao ouvido:
- Quem és tu e o que fazes no meu reino?
Éter esbracejou para que ele a liberta-se e atingido o seu objectivo voltou-se e viu um rapaz ruivo de olhos igualmente alaranjados e uma tez tão branca como a sua. Não conseguia deixar de olhar para ele, parecia tão perfeito e complexo, tão medonho e ao mesmo tempo tão encantador, a sua expressão era de surpresa e admiração, nos seus olhos o interesse estava a nascer:
- Venho do reino de Dominus!
O rapaz riu-se desenfreadamente:
- Dominus? Esse povo ignora a nossa existência!
A rapariga estava agora surpresa:
- Como tens conhecimento disso?
- Porque sou o príncipe Lítius, e os meus pais têm conhecimento de tudo o que se passa nesse e neste reino, têm espiões por todo o lado. Agora diz-me a verdade, quem és e de onde vens.
A rapariga começava a ficar irritada com a arrogância do rapaz:
- Sou Éter! Princesa de Dominus e futura rainha!
O rapaz fitou-a com atenção pôs-lhe a mão na testa e disse:
- Alteza! Perdoou-me a ousadia, deixe-me leva-la até ao nosso palácio e recompensá-la devidamente.
Éter esticou a mão e caminhou com o príncipe até à sua carruagem. Largos quilómetros depois Lítius disse-lhe agarrando a sua mão:
- Aquele é o meu palácio!
Éter olhou para pela janela e viu uma imponente construção em mármore branco, com pilares ornamentados e abóbadas meticulosamente esculpidas, era um sonho tornado realidade.

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quinta-feira, agosto 1

O Maravilhoso Mundo do Absurdo - Parte 1

Era uma vez uma ampulheta, uma ampulheta que estava no cume de uma montanha nas masmorras de um castelo mas, não era um castelo qualquer, era o palácio do reino de Dominus, um reino onde o impossível era provável e o provável impossível. A rainha era chama por Caeruleõ, pela sua obsessão pela cor azul, era uma mulher esbelta, elegante, alta e de uma brancura doentia, os seus olhos eram cor de cereja, tão vivos e aos mesmo tempo desprovidos de alegria. A rainha sofria de dupla personalidade, tanto podia ser generosa como deplorável instantes mais tarde. O seu povo oscilava entre cães e gatos falantes, passando por flores estupidamente tagarelas e até mesmo arbustos amargamente mal humorados. Também tinha humanos entre os seus plebeus contudo, a rainha tentava manter esta espécie bem distante, pois muitos deles ambicionavam o seu lugar, não eram poucos estes ladrões de coroas, e muitos desejavam pedir a mão da sua bela filha Éter. A princesa acabava de completar o seu décimo oitavo aniversário, dezoito anos que não se notavam, a rapariga parecia ter apenas catorze ou quinze anos, herdara da mãe a altura e a brancura, os seus cabelos negros contrastavam com os seus olhos amarelos, que herdara da avó, a personalidade pertencia ao pai. A rapariga não queria ser rainha mas, a hora aproximava-se, cinco horas era tudo o que restava do seu tempo de princesa, tornar-se-ia brevemente na mulher mais poderosa de Dominus, herdaria os poder material da mãe e os poderes mágicos do quinto elemento, o éter. Herdaria este poder devido ao alinhamento de dois planetas que assombravam o seu reino Sistirus e Nevidis, na cerimónia de sucessão ao trono iriam emergir os poderes que todas as gerações anteriores ambicionavam.
Éter era a escolhida, a prometida mas, não era isso que ela queria, a princesa queria sair de Dominus, queria fugir para longe do reino, talvez para Darnatus, a terra das sombras, ou para Luminatus, a terra da luz. Dominus não era o seu lugar, Dominus não tinha um principio, não pertencia à luz ou à escuridão, e isso perturbava-a. Éter queria ter o poder de escolha, algo que não conseguia fazer no local onde vivia, todos ali pareciam indecisos ninguém era bom nem mau, todos estavam no intermédio das decisões. O médico real chegou a consultar Éter diversas vezes devido à sua insistência na questão e chegara a pensar que a princesa havia enlouquecido, ideia que foi imediatamente alterada pela sua indecisão.
Éter tinha um amigo, um homem especial e diferente, não era indeciso, o seu nome era Insanis, que significava o Louco, o povo chamava-o assim porque ele acreditava na existência de um mundo comum, Merinder, ao qual pertenciam os reinos de DominusDarnatus e Luminatus, que a população dizia não existirem, mas o Louco viajara por lá com a ampulheta amaldiçoada, aquela que a rainha lhe retirou. O Louco só conseguia dizer a verdade e por isso estava destinado a ser prisioneiro para todos o sempre, pois só seria libertado se negasse a existência de tais reinos. Éter visitava-o todos os dias e falara com ele sobre os três mundos. Horas antes da sua coroação Éter voltou a visitar Insanis e chegando junto da sua cela disse:
- Como posso eu escapar disto?
O Louco olhou-a com os seus olhos cansados cor de caramelo, e disse:
- Para chegar à porta tem de caminhar nos degraus. Coloque este anel e pronuncie três vezes, Nunc.
- Nunc?
- Sim...
- Porquê três vezes?
- Três mundos três vezes! E lembre-se princesa, uma volta para Dominus, duas para Luminatus e três para Darnatus!
A princesa olhou-o confusa:
- Voltas aonde?
O Louco sorriu e olho-a com ternura:
- Saberá no devido momento...
Éter pôs o anel e disse com convicção:
- Nunc! Nunc! Nunc!
Tudo à sua volta começou a girar a uma velocidade astronómica, fechou os olhos e protegeu a cara com os braços, quando finalmente parou de girar, olhou em seu redor e estava numa sala escura, húmida e minúscula, a única coisa de se via era uma ampulheta iluminada por um milimétrico buraco na parede.

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