terça-feira, julho 3

Cosmopolis

A anarquia no capitalismo e o conflito existencial...

David Conenberg é o extraordinário realizador, que consegue sempre algo melhor quando agarra numa câmara de filmar, Pattison mostra ser o actor capacitado para acompanhar esta proeza.

Há um universo imenso de questões a registar sobre o filme. Digamos que toda a construção da narrativa tem uma interpretação muito individual, visto que a densidade da matéria em si é marcadamente complexa. É a mesma coisa que desfazer um novelo emaranhado em nós, uns começam pelas pontas outros pelo meio, uns conseguem desembaraçar tudo, e outros deixam uns nós minúsculos finais. Esta complexidade surge no seio de uma sociedade necrótica e de uma personagem perturbada.
Centrando, em primeiro, a sociedade podemos ver uma profunda crítica social aos deploráveis comportamentos humanos em prole do poder económico, muito marcado pela tão célebre crise, que faz nascer novas e absurdas ideias de desleixe emocional. Para reforçar todo este declínio moral, ainda é reforçada a ideia de que tudo isto se poderá dever a uma cultura estéril, substituída por informações decadentes e paupérrimas em conteúdo fruitivo.
De tudo isto nasce um carácter também emocionalmente decadente, que abandona o relacionamento espiritual, baseado a sua vida em relações carnais, desprovidas de emoção, proporcionando prazer momentâneo. Neste complexo ser, é dissecada a sua essência na frase "I wanted you to save me", aqui reside o segredo da dor pessoal deste sujeito. Ter tudo, conquistar tudo, poder tudo e mesmo assim não saber se viver é uma opção, é algo que vale a pena considerar. Será que a descomplicação da vida, complica a construção do ser?
 Estas são as mais básicas questões, que iniciam uma emocionante descoberta pelo mundo óbvio e ignorado.

Cada vez que vê a opinião oscila... Pronto para andar na corda bamba?