domingo, janeiro 18

Late Blooming Sunflower (Osozaki no Himawari )


A terra gira em torno do sol, mas e nós girassóis? Giramos em torno de quê?

Osozaki no Himawari é uma narrativa sobre a descoberta daquilo que faz florescer a nossa essência, sobre as pontes que atravessamos, os trilhos descompensados e as mágoas recalcadas. Levanta a questão de como tudo isso transforma as nossas escolhas em perigos eminentes ou simples golpes de sorte, como cada pessoa toca a nossa vida, como cada gesto transforma a nossa percepção sobre alguém.
Tecnicamente não há nada relevante a dizer, a fotografia é muito interessante, a banda-sonora é simples (tal como todo o perfil técnico) mas cumpre o objectivo de intensificação dos momentos mais importantes. Os actores não têm grandes divergências de interpretação, talvez se note algum destaque das personagens principais, mas nada que mereça ser relatado.
Confesso que a minha experiência em cinema asiático é fundamentalmente escassa, sendo que a minha opinião não surpreenderá os mais atentos ao género. Mas daquilo que consegui perceber, a frieza que os caracteriza é somente superficial, que poderá estar relacionada com o contexto social.
O tema da adolescência é várias vezes retratado (no cinema europeu) como a fase mais traumatizante e essencial para o desenvolvimento humano. Raras vezes se retrata a passagem da juventude despreocupada para a vida responsável de adulto. É aquele momento em que percebemos que o melhor já passou, já se criaram memórias inesquecíveis, que já não temos a segurança de outrora, que há sempre alguém que espera e exige o melhor de nós, e que o pior está para vir. Pois há uma tomada de consciência aterrorizante de que os sonhos não passam de miragens complexas que alimentam o nosso espirito jovem. A realidade é que muitas dessas dúvidas não são mais do que intrigantes nós de consistência que podem ser desenlaçados de forma simples e apaixonante. O tema central aqui é “encontrar o que nos move” descobrir quem nos percebe e perceber quem nos enfrenta. É nesta apaixonante viagem metafórica sobre a descoberta do eu e da relação com os outros que se descobre que a resposta pode ser simples, basta descomplicar.
Prima pela simplicidade, não é excessivamente melodramático, garante o interesse sem o romantismo ocidental, e surpreende com lógica.


Deixo então as perguntas "existenciais": “Quem é? Sou eu! Eu quem?