A terra gira em torno do sol, mas e
nós girassóis? Giramos em torno de quê?
Osozaki no
Himawari é
uma narrativa sobre a descoberta daquilo que faz florescer a nossa essência,
sobre as pontes que atravessamos, os trilhos descompensados e as mágoas
recalcadas. Levanta a questão de como tudo isso transforma as nossas escolhas
em perigos eminentes ou simples golpes de sorte, como cada pessoa toca a nossa
vida, como cada gesto transforma a nossa percepção sobre alguém.
Tecnicamente não há nada relevante a
dizer, a fotografia é muito interessante, a banda-sonora é simples (tal como
todo o perfil técnico) mas cumpre o objectivo de intensificação dos momentos
mais importantes. Os actores não têm grandes divergências de interpretação,
talvez se note algum destaque das personagens principais, mas nada que mereça
ser relatado.
Confesso que a minha experiência em
cinema asiático é fundamentalmente escassa, sendo que a minha opinião não surpreenderá
os mais atentos ao género. Mas daquilo que consegui perceber, a frieza que os
caracteriza é somente superficial, que poderá estar relacionada com o contexto
social.
O tema da adolescência é várias vezes
retratado (no cinema europeu) como a fase mais traumatizante e essencial para o
desenvolvimento humano. Raras vezes se retrata a passagem da juventude
despreocupada para a vida responsável de adulto. É aquele momento em que
percebemos que o melhor já passou, já se criaram memórias inesquecíveis, que já
não temos a segurança de outrora, que há sempre alguém que espera e exige o
melhor de nós, e que o pior está para vir. Pois há uma tomada de consciência
aterrorizante de que os sonhos não passam de miragens complexas que alimentam o
nosso espirito jovem. A realidade é que muitas dessas dúvidas não são mais do
que intrigantes nós de consistência que podem ser desenlaçados de forma simples
e apaixonante. O tema central aqui é “encontrar o que nos move” descobrir quem
nos percebe e perceber quem nos enfrenta. É nesta apaixonante viagem metafórica
sobre a descoberta do eu e da relação com os outros que se descobre que a
resposta pode ser simples, basta descomplicar.
Prima pela simplicidade, não é excessivamente melodramático, garante o interesse sem o romantismo ocidental, e surpreende com lógica.
Deixo então as perguntas "existenciais": “Quem é? Sou eu! Eu quem?”