domingo, março 30

Hannibal Season 2

Paciência é uma virtude dos heróis.

A minha intenção era comentar a série apenas no final, visto que a premiere desta temporada foi um estrondoso sucesso que dispensou comentários.
Bryan Fuller e Thomas Harris estão a querer superar todos os seus anteriores projectos e a surpreender a cada episódio. Apesar de ainda existir alguma previsão da conclusão dos acontecimentos, o espectador não consegue prever o desenrolar da acção, torna-se impossível sentir desinteresse com um argumento deste nível. Para além disto, é impensável alguém não se arrepiar com as medonhas cenas de homicídio, e com a monotonia da banda-sonora.
Não há ninguém que fique indiferente a Hannibal, pois Mads Mikkelsen conseguiu aquilo que todos achavam impossível, igualar-se a Anthony Hopkins, tal como Hugh Dancy, que costumava ser uma "cara bonita" de Hollywood conseguiu brilhar assemelhando-se a Edward Norton. Note-se que é tremendamente difícil ser igual ao original, e esta dupla está a conseguir encontrar o seu ponto de equilíbrio e a superar as expectativas, inclusivamente dos mais cépticos.
Gina Torres está com uma fantástica interpretação esta temporada, tal como Jonathan Tucker. Laurence Fishburne e Gillian Anderson dispensam elogios, tal como Amanda Plummer.
Até agora o percurso percorrido por toda a equipa de Hannibal tem sido magnifico, esperemos que se mantenha até ao final. Em breve teremos o final e, obviamente, mais um comentário.

Au Revoir et Bon Appetit...

terça-feira, março 18

Ninfomaniaca - Parte 1 e 2

ATENÇÃO CONTÉM SPOILERS!!

A imoralidade do desejo, num só act().

Ninfomaníaca é a jornada de uma mulher com um incessante desejo de conforto e prazer. Lars Von Trier excede todas as suas criações com um filme (2 volumes), onde apresenta todas as suas anterior temáticas e com tudo o resto a que uma excelente longa metragem tem direito. O ingrediente vital está presente, um argumento poderosíssimo, que perfura a cada momento a sensibilidade do espectador, uma banda-sonora que estimula todos os sentidos, acompanhada por uma fotografia obscena e claramente pornográfica.
Ninfomaníaca é um filme sobre sexo, é sobre a conquista e a satisfação de possuir, é uma condenação à sociedade hipócrita, é um (des)crédito do sentimento humano. O poder do diálogo é fascinante, num instante passamos de palavras impróprias para uma imensa profundidade espiritual. As frases trocadas entre uma mulher sem rodeios nem tabus e um homem letrado com barreiras mal definidas, sobre aquilo em que julga acreditar, é um gigantesco prazer cinematográfico. Entramos numa conversa magnifica, que consome todas as quatro horas que passamos no ecrã, não é cansativo ver Charlotte Gainsbourg e Stellan Skargard num diálogo químico e assexuado.
O filme choca nas imagens que apresenta, não só pelo sexo explicito, mas também pela violência física e psicológica. Joe (Charlote Gainsbourg) é severamente chicoteada no segundo volume. Todo o ambiente da cena é macabro, a sala gélida, a fisionomia fria do homem que a maltrata, o silêncio dos gritos de dor, são um misto de indiferença e dó. A personagem coloca-se na situação de vítima propositadamente pela necessidade de se auto-destruir, mas ao mesmo tempo pela necessidade de se satisfazer, este é talvez o clímax de toda a história. Existe um universo de cenas igualmente chocantes e fantásticas, Uma Thurman tem uma participação ligeira, mas com uma intensidade arrepiante, impossível não sentir a loucura e a dor de uma mulher traída com uma interpretação tão perfeita. Destaca-se também a ingenuidade da Stacy Martin que copia quase na perfeição as ligeiros tiques de Charlotte e consegue elevar-se enquanto actriz, atraindo o espectador para a compreensão do seu sofrimento e divertimento.
No primeiro volume é explorada de forma selvagem a sexualidade de uma mulher insaciável, no segundo volume são exploradas as emoções de uma mulher sozinha, e neste ponto percebemos que o segundo volume é largamente superior ao primeiro. No entanto, a primeira película tem um ingrediente que considero mágico, a analogia entre a pesca e a exploração das potencialidades de uma mulher para seduzir, é perfeita a forma como Von Trier faz este belíssimo paralelo.
Com tudo isto, tenho a acrescentar que este filme exagera nas imagens, o realizador quis ser inédito e/ou original, em vez disso tornou-se polémico e obsceno. [Este comentário não tem como objectivo ser pudico ou descredibilizar o trabalho da realização, limita-se a constatar que existem barreiras no palco cinematográfico, que quando são ultrapassadas têm de ser medidas as consequências.] Excluindo os seus comentários infelizes Lars Von Trier é o mestre da arte de fazer cinema, e ninguém tem dúvidas disso.
O final de ninfomaníaca é fortemente previsível (pelo menos para mim, há quem diga que não), existe uma inversão de papeis estrondosa na resolução da conversa (aparentemente) assexuada. Mas curiosamente não perde o interesse, pois não deixamos de pensar que o sexo tem enormes potencia(lidades) na (des)construção humana.
Um filme perturbador e com demasiados ()'s no exercício do diálogo, é uma reflexão (in)consciente da essência da mulher.
Conclusão: E se...

segunda-feira, março 3

And the winner is...



Melhor Guarda-Roupa: The Great Gatsby - Confesso que me surpreendeu

Melhor Caracterização: Dallas Buyers Club - Mais que óbvio, mais que justo

Melhor Música Original: Let It Go - Frozen - Ridiculamente óbvio

Melhor Banda-Sonora: Gravity - Completamente descabido

Melhor Mistura de Som: Gravity - Óbvio

Melhor Edição de Som: Gravity - Óbvio

Melhor Direcção de Arte: Great Gatsby - Não era dos meus favoritos, mas foi merecido

Melhor Edição de Imagem: Gravity - Óbvio

Melhores Efeitos Especiais: Gravity - Óbvio

Melhor Fotografia: Gravity Não era dos meus favoritos, mas foi merecido

Melhor Argumento Adaptado: 12 Years Slave - O meu comentário é absolutamente desnecessário, não quero ferir susceptibilidades.

Melhor Argumento Original: Her - Merecido

Melhor Filme de Animação: Frozen - Óbvio

Melhor Filme Estrangeira: The Great Beauty - Surpreendente e algo descabido

Melhor Actor Secundário: Jared Leto (Dallas Buyers Club) - Mais que merecido

Melhor Actriz Secundária: Lupita Nyong'o (12 Years Slave) - Não entendo este resultado

Melhor Actor Principal: Matthew McConaughey (Dallas Buyers Club) - Merecido

Melhor Actriz Principal: Cate Blanchett (Blue Jasmine) - A categoria mais difícil deste ano, mas uma estatueta merecida

Melhor Realizador: Alfonso Cuarón (Gravity) - Uma categoria muito difícil, mas com uma resolução que até teve a sua justiça

MELHOR FILME: 12 Years Slave - Não era dos meus favoritos e penso que não merecia a estatueta, não foi uma surpresa, mas foi uma desilusão

Gravity arrecada todas as categorias técnicas, como seria de esperar. Acrescenta ao leque de óscares o de melhor realizador que me parece justo, apesar de estarem melhores realizadores em competição.
The Great Gatsby arrecada óscares menores, mas ainda assim é uma pequena vitória.
Dallas Buyers Club arranha a concorrência com os melhores actores.
E os grandes derrotados desta noite são American Hustle e The Wolf of Wall Street, com eles estão Leo e Martin.
12 Years Slave é o vencedor da noite mas arrecada apenas e somente 3 óscares incluindo melhor actriz secundária. Descabido? Parece que aos olhos da academia não! Mas desta vez não temos incongruências, melhor filme ganha melhor argumento, o que já me parece bastante credível (isto comparando com anos anteriores).

Mais tarde regresso que mais comentários (porque os olhos já pesam).