sexta-feira, julho 27

Ted

Um ursinho de peluche "mocado", cujo o melhor amigo é um homem adulto numa relação?! Isto dá que falar!

Comédia é um género bastante negligenciado pela minha pessoa, talvez porque tenha uma estranha dificuldade em me rir nas cenas em que toda a gente se ri, e a horrível tendência de criticar todos os acontecimentos pouco lógicos da história. E nada mais ilógico do que um urso de peluche que fuma, anda e (vejam isto) fala!
Seth MacFarlane parte à aventura para a descoberta do grande ecrã, não saindo da sua área de conforto e mantendo o humor muito característico da sua série televisiva, Famity Guy. Mantendo também uma das suas actrizes, Mila Kunis. Junta-se a esta comédia Mark Wahlberg, e parece que tudo fica composto. Pessoalmente gosto bastante do trabalho de Wahlberg nas categorias de acção e drama, no entanto, revela ser um actor versátil saindo da sua "área de conforto". Este actor já o fez anteriormente, e saiu-se sempre bem, esta é só mais uma dessas vezes...
No geral, o filme é amoroso e divertido, também tem momentos de humor pouco inteligente, que são compensados com os cenas de humor mais peculiar e que exige também a mínima cultura cinematográfica. Também se junta alguma imprevisibilidade na narrativa (excepto no final), que ajudam a compor a história. Fica o aviso que quando se pensa que Ted vai ser atropelado, não é!

As comédias servem para rir e talvez, depois, para ganhar um Oscar, esta consegue cumprir o primeiro objectivo. E o segundo?! Fica para a próxima!

quarta-feira, julho 25

(500) Days of Summer (2009)

There is a meaning to everything, we just need to find it!

Como os meus leitores mais assíduos sabem, eu não costumo publicar as minhas opiniões sobre filmes não recentes. Excepto quando vale mesmo a pena falar neles, apresento aqui mais uma excepção...
Joseph Gordon-Levitt é um jovem que acredita no amor, nas almas gémeas e no destino. Zooey Deschanel é uma jovem que não acredita no destino, nas relações e no amor. Quando estes dois se encontram, inicia-se uma viagem única, num ciclo de 500 dias em que ambos estão juntos.
O filme é um gigantesco mar de emoções, que apesar de o espectador já saber o que irá acontecer no final, não o impede de se emocionar, de se divertir, de se arrepiar e de se rir com se não houvesse um amanhã. Quando um homem que acredita que tudo acontece por uma razão, que nega o acaso ou a coincidência, ficando fechado no seu próprio mundo, limitando-se a esperar por um milagre, ou algo emocionante, se une a uma mulher que considera o destino algo sobrevalorizado, e que não consegue manter uma relação porque simplesmente não acredita nelas, o espectador toma imediatamente partido de um dos dois lados, conforme o tempo passa percebe que no final ambos têm razão... É verdade que no universo tudo acontece por uma razão, é verdade que existe coincidências, é verdade que o destino existe ou não, é também verdade que as relações podem ou não funcionar, o que se torna errado aqui não são os ideais que cada um tem, mas sim a forma como esses mesmo ideais fazem os personagens agir. Existir destino não implica que alguém fique estupefacto, deixando a sua vida escalar o tempo sem que nada de novo aconteça, o facto de algumas relações não funcionarem, não implica que estejamos sempre a cortar laços com todas as pessoas que possam ser potenciais parceiros amorosos.
A narrativa é sem duvida o ponto forte deste filme, criando um mundo único e especial. A isto juntam-se interpretações convincentes e uma realização peculiar.

Sentimentalmente devastador, mas intelectualmente construtivo...

sexta-feira, julho 20

Puncture

Uma vida perfeita desfeita num segundo, uma vida desfeita ganha sentido num segundo...

Chris Evans deixa de ser o actor playboy, para iniciar uma carreira mais séria e consistente. Em Puncture, Evans oferece-nos uma interpretação muito para além de Captain America ou Human Torch (dos quais sou fã).
A narrativa é extremamente interessante, e politicamente incómoda. Contudo, o filme explora sobretudo a vida da personagem principal, e de que forma as outras personagens influenciam e se envolvem na sua trajectória, deixando um pouco à margem a verdadeira questão politico-social. Ou seja, à margem ficam por explorar tópicos como a razão pela qual toda a máquina da saúde não aceita as seringas de segurança, e a verdadeira implicação que este facto tem em países em desenvolvimento. Note-se que este estas questões são abordadas com alguma ligeireza, mas sem nunca entrar na profundidade exigida para um tema como este.
À parte os problemas políticos, a vida do personagem é explorada de uma forma interessante, todavia não o suficiente para que o espectador fique esclarecido.
Este tipo de filmes incomoda estratos sociais ligados ao poder económico, e choca o público mais sensível. Como mulher e pessoa emotiva que sou não posso deixar de comentar a forma desumana e pestilenta como os seres humanos são tratados no sistema de saúde americano (e não só mas essa é outra questão). Por mais anos que viva, nunca irei perceber o porquê de tanta desumanidade, só para rechear a conta bancária. É um facto que o mundo está sobre lotado de pessoas, mas justifica-se assassinar crianças e adultos propositadamente para contrariar esta tendência? Não seria melhor adoptar politicas e medidas preventivas para contrariar este crescimento aberrante de população? É um facto que não é fácil, e como não é fácil é mais confortável assassinar pessoas de forma massiva, e fazê-las sofrer de uma forma aterradora.

Este filme chega a Portugal com um atraso considerável, e esse ponto eu não podia deixar de salientar e comentar o lamentável sucedido.

Em suma, a narrativa tem muito potencial, as personagens são bem interpretadas, no entanto, a abordagem não é a melhor, não deixando de ser interessante.

segunda-feira, julho 9

Community

Quem não conhece John Hughes e a sua masterpiece Breakfast Club? Pretty much everyone!

Conhecia a série em homenagem ao realizador e argumentista, mas nunca tinha perdido tempo a vê-la. Ontem vi e arrependi-me de não o ter feito mais cedo.
Uma série hilariante! Mesmo o que eu precisava nesta época de grande tensão, e depois do final da Teoria do Big Bang!

Recomendado!

Ps - Adivinhe qual o meu favorito? Abed!

terça-feira, julho 3

Cosmopolis

A anarquia no capitalismo e o conflito existencial...

David Conenberg é o extraordinário realizador, que consegue sempre algo melhor quando agarra numa câmara de filmar, Pattison mostra ser o actor capacitado para acompanhar esta proeza.

Há um universo imenso de questões a registar sobre o filme. Digamos que toda a construção da narrativa tem uma interpretação muito individual, visto que a densidade da matéria em si é marcadamente complexa. É a mesma coisa que desfazer um novelo emaranhado em nós, uns começam pelas pontas outros pelo meio, uns conseguem desembaraçar tudo, e outros deixam uns nós minúsculos finais. Esta complexidade surge no seio de uma sociedade necrótica e de uma personagem perturbada.
Centrando, em primeiro, a sociedade podemos ver uma profunda crítica social aos deploráveis comportamentos humanos em prole do poder económico, muito marcado pela tão célebre crise, que faz nascer novas e absurdas ideias de desleixe emocional. Para reforçar todo este declínio moral, ainda é reforçada a ideia de que tudo isto se poderá dever a uma cultura estéril, substituída por informações decadentes e paupérrimas em conteúdo fruitivo.
De tudo isto nasce um carácter também emocionalmente decadente, que abandona o relacionamento espiritual, baseado a sua vida em relações carnais, desprovidas de emoção, proporcionando prazer momentâneo. Neste complexo ser, é dissecada a sua essência na frase "I wanted you to save me", aqui reside o segredo da dor pessoal deste sujeito. Ter tudo, conquistar tudo, poder tudo e mesmo assim não saber se viver é uma opção, é algo que vale a pena considerar. Será que a descomplicação da vida, complica a construção do ser?
 Estas são as mais básicas questões, que iniciam uma emocionante descoberta pelo mundo óbvio e ignorado.

Cada vez que vê a opinião oscila... Pronto para andar na corda bamba?