Cecília estava tão
assustada quanto Simone. Enquanto o medo e a surpresa criavam um cocktail
hormonal estonteante, Simone tentou sentir as pulsações de Cecília, pelo que não
conseguiu. A jovem despida, e aparentemente viva, perguntou à cientista: - O que
se está a passar? – Simone demorou algum tempo a responder, queria ter a
certeza que não era a imaginação a atraiçoá-la. – Qual é a última coisa que
se lembra Cecília? – De uma máquina a apitar e do Drº Mário a agarrar-me a mão…
- Isto vai parecer-lhe um pouco estranho. Mas a Cecília morreu… - Após largos
segundos de silêncio Cecília recordou a conversa que teve com Mário, e olhou
para o seu corpo suturado. Não gritou, não se assustou, não verteu uma única
lágrima, simplesmente perguntou: - Como? – A cientista sabia tanto quanto ela e
por isso respondeu: - Não sei. Vamos tentar descobrir. – Estendendo a mão para
auxiliar Cecília a sair pegou num saco de transporte de cadáver e cobriu-a. –
Espere um pouco, vou chamar os outros. – Deixando a jovem sentada, saiu aparentemente
calma, fechando a porta atrás de si.
Simone correu pelos
corredores até encontrar Edgar e Mário. Ofegante por ter percorrido uma enorme
distância a uma velocidade vertiginosa, gritou: - Vocês têm de ver isto! Já! –
Edgar e Mário seguiram-na sem hesitação e sem perguntas.
Antes de abrir a porta
Simone disse: - Não se assustem com o que vão encontrar. E mantenham a mente
aberta. – Edgar tinha um fraco por graçolas e respondeu: - A minha mente está
sempre aberta para ti! – Simone rolou os olhos e abriu a porta.
Cecília estava sentada
embrulhada num saco preto e quieta com o olhar fixo nos três cientistas. Mário
ficou completamente boquiaberto, de tal forma que correu para Cecília e
agarrando-se carinhosamente à antiga pupila. Edgar apoiou a mão no ombro de Simone e
perguntou: - Como é que possível? – Simone riu-se e perguntou: - Ainda manténs a
mente aberta? – Edgar ignorou o comentário e fixou novamente o olhar na
rapariga. – Temos de a levar para uma sala de isolamento. – No preciso momento
em que Edgar proferiu estas palavras um forte estrondo ecoou na sala. – O que é
isto? – Perguntou Mário. – Simone fitou Cecília, e ouviu-se outro barulho
igualmente estrondoso. – O que se está a passar? – Perguntou Edgar. Eram cada
vez mais os barulhos, e cada vez mais fortes. Simone olhou para Edgar e
respondeu à pergunta: - Aparentemente não foi só ela que acordou.