Mário sabia que tinha
cometido um erro. Aquele vírus não era suposto ter saído do laboratório. Não
poderia imaginar que se iria dissipar de forma tão rápida e incontrolável. Só
tinha passado um mês e meio desde o incidente, e já tinham sido disseminadas mais de três
mil pessoas. Quando libertou a sua criação, não fazia ideia que efeito poderia
ter no ser humano. Infelizmente a consequência mais dramática era a que estava
a acontecer. A sua assistente Cecília era a mais prestável e amorosa das
criaturas, como teria sido possível ele tê-la submetido a tal atrocidade?
Cecília tinha vinte e
cinco anos e estava a viver o sonho de uma vida. Tinha conseguido entrar no
Centro de Doenças Infecto-Contagiosas por mérito próprio, e trabalhar com o
melhor especialista em microbiologia do planeta. O entusiasmo era constante na sua vida. O trabalho era tudo aquilo em que conseguia pensar. Tinha deixado para trás todo o
convívio social, todas as relações amorosas, todos os laços familiares, em
prole daquilo que julgava ser a melhor coisa que lhe tinha acontecido na vida.
Quando Mário lhe tinha sugerido ser cobaia da sua experiência não sentia
qualquer medo ou insegurança, queria ser voluntária. A ideia era genial, o vírus iria servir como
um potenciador celular e aumentar as capacidades físicas e intelectuais do "infectado". Na verdade, Cecília tornou-se muito mais forte e rápida, aumentou dez
vezes a sua capacidade de raciocínio matemático e três vezes mais a sua capacidade
dedutiva. Parecia que tudo estava a funcionar. Cecília tinha saiu de
quarentena treze dias depois de ter sido infectada.
Ninguém conseguiu
prever a velocidade de transmissão do vírus. Rapidamente toda a família e
amigos de Cecília tinham as mesmas capacidades e qualidades que ela. Parecia um
sonho tornado realidade. Até que o vigésimo sexto dia chegou.