Cecília começou a sentir dores de cabeça insuportáveis, edemas nos membros superiores e inferiores e sobretudo perda de apetite. Mário sugeriu que isolassem todos os indivíduos infectados até se perceber o que estava realmente a acontecer.
Cecília estava fechada numa sala branca, onde mal se distinguia o tecto do chão. As paredes envidraçadas, os fatos insufláveis não permitiam que ela percebesse quem estava a tratá-la. Até que do outro lado do vidro viu o seu maior ídolo. – Drº Mário!! – Gritou histérica. Mário era um homem frio e indiferente ao sentimento humano. Mas naquele momento, sorriu de orgulho e chorou de dor, sabia o destino de Cecília e de todos os outros que tinham experimentado a sua criação. – Drº, o que se passa? – Perguntou Cecília despreocupada. – Cecília, o vírus não está a funcionar como prevemos. – Como assim? – As suas células não estão a aguentar a recombinação genética. Estão a morrer. – Cecília não queria acreditar naquilo que ouvia. – Mas não há nenhuma solução? – A Cecília é o “paciente zero”. – Aquela frase significava morte, irremediavelmente. – Então e a minha autópsia? Pode salvar os outros? – Mário ficou surpreendido com a pergunta. Cecília era de facto especial, só ela poderia ter um acto tão nobre e altruísta. – Penso que sim. – Mário sorriu, e Cecília retribuiu o sorriso. – É muito corajoso da sua parte. É um orgulho tê-la como colega. – Cecília soltou uma lágrima e respondeu: - Obrigada doutor. Também foi um prazer trabalhar consigo. – Nos dias que se seguiram Cecília teve dores no corpo, perda de mobilidade, perda de visão, surdez e por fim enfarte fulminante.
Os restantes infectados estavam todos a caminhar a passos largos para a morte. Cecília tinha de ser examinada o mais depressa possível. Não se conseguia perceber a razão para as células estarem a morrer. Mário só conhecia duas pessoas capazes de descobrir o que estava a acontecer, Simone e Edgar.