Simone caminhava no
corredor do centro com o seu fato macaco branco. Já não sabia o que havia de
fazer para encontrar uma solução. Todos os infectados pareciam morrer de formas
diferentes, era como se o vírus se adaptasse a cada organismo e se aproveitasse
das fraquezas de cada um. Nunca ninguém tinha a mesma sequência de sintomas. Era uma panóplia de diversidade impressionante, não havia raciocínio lógico, era impossivel prever o número de infectados.
Resolveu regressar à “paciente zero”, Cecília. Abriu a sala onde estavam as
arcas frigoríficas, a porta era pesada e emitia um som estridente e irritante,
tentou travá-la para que não se fechasse. De repente ouviu um barulho
ensurdecedor dentro de uma das câmaras. Simone petrificou, não pelo frio, mas
pelo espanto do sucedido. Parecia que havia ali alguém vivo e a tentar sair.
Caminhou para a fonte do ruido, até que este parou. Julgou estar a sonhar, não
estava convicta de que o barulho tivesse alguma vez existido. Assim que pousou
os olhos no papel que trazia nas mãos o barulho começou novamente. Simone
correu para a origem, abriu a porta e o que viu deixou-a completamente
boquiaberta.
Cecília olhou novamente
para os pés e viu uma mulher completamente vestida de branco. Assustou-se e
ficou quieta, de olhos bem abertos e fixos no rosto da sua suposta salvadora.
Simone fitava a rapariga morta, mas viva. Puxou a maca e observou o corpo de Cecília, a pele branca doentia, os lábios arroxeados, os fios de sutura
espalhados por todo o corpo, e os olhos vivos e esbranquiçados faziam com que
Simone se arrepiasse. O medo ainda não se tinha apoderado dela, mas não estava
muito longe.