O vértice que funde o terror ficticio ao real.
Penny Dreadful é a combinação mais improvável de
realização e produção, já para não mencionar o complexo encontro de actores tão
distintos.
John Logan tem um projecto ambicioso e que facilmente pode cair
no precipício do ridículo. Sam Mendes abraça um estilo que não é o seu, o que
facilmente o pode penalizar. O resultado é dificilmente aquilo que um
espectador mais atento espera, o sucesso.
O argumento é uma teia de intriga tremendamente viciante, de tal forma que nunca consegue perder a
intensidade, este é o departamento de Logan, que se resume a uma misera
palavra; perfeito. A direcção ainda não encontrou um ponto de equilíbrio,
notam-se as diferenças de estilos. J.A. Bayona sobressai com maior evidência,
no entanto, James Hawes também se consegue "fazer ver", tal como Dearbhla Walsh, mais discreta fica
Coky Giedroyc. A fotografia tem de ser destacada com as honrosas presenças de
Xavi Gimenez, Owen McPolin e P.J. Dillon, especialmente o último, que tem um
trabalho mais discreto, mas igualmente fabuloso aos anteriores.
Sheila Hockin é (na minha opinião) uma das melhores produtoras de
televisão, envolvida em projectos diversificados, intensos e polémicos, sem
dúvida que se torna um membro essencial.
Depois de estudar ao pormenor toda a equipa técnica de Penny Dreadful,
agora voltemos a câmara para quem a reconhece de frente, os actores. Timothy
Dalton tem-se dedicado nos últimos anos (com maior intensidade) ao cinema de animação, regressa à
televisão com um complexo papel que promete muito mais do que aquilo que até
agora se tem visto, aguardemos. Josh Hartnett é um actor conhecido pela sua
versatilidade e constante mudança, não é um actor a que possamos atribuir um
estilo, não tem zonas de conforto. Em Penny Dreadful apresenta uma personagem misteriosa,
apaixonada, representada com alguma timidez, e que não faz jus ao talento que
já provou ter. Harry Treadaway tem um background interessante e uma personagem
que já provou ser uma das chaves para o sucesso da complexa rede de histórias. Mas, note-se que ainda é um actor novo, e temo que a personagem possua uma elevada
complexidade para o actor. Reeve Carney é uma nódoa no cast, não fortalece
minimamente a personagem e aniquila o interesse do público. Isto ainda se torna mais frustante depois de Stuart Townsend ter sido um Dorian Gray extraordinário. Billie Piper
seria a actriz com melhor interpretação, se estivéssemos a falar de teatro, e é
tudo o que há para dizer. E como o melhor fica sempre para o fim, termino com
aquela que tem sido, e será, a alma de Penny Dreadful, Eva Green. Este nome
sonante provoca um misto de sensações, ela é conhecida pelos projectos
contorversos e pelos blockbusters, a realidade é que Green é uma das melhores
actrizes da actualidade, conseguindo sempre uma harmonia misteriosa nas suas interpretações,
Penny Dreadful não é uma excepção é apenas parte de uma regra. A actriz é
responsável pelos melhores momentos desta série, e sem dúvida a melhor
aquisição no cast.
Para terminar, não vou adiantar o ritmo da narrativa, apenas vou alertar
que o maior alimento para o nosso medo é aquilo que não sabemos que somos.