sexta-feira, agosto 2

O Maravilhoso Mundo do Absurdo - Parte 2

Éter olhou para a ampulheta com toda a cautela e cuidado, como se o olhar pudesse quebrar o objecto, era de bronze, a areia era dourada, era do tamanho do seu dedo indicador e tinha um cordão também ele de bronze, não conseguia ver onde os seus pés pousavam mas, sentia a irregularidade térrea do pavimento. Aquela seria a ampulheta que permitira o Louco viajar pelos três mundos? Só poderia ser. Afinal tinha pedido uma saída e o seu amigo concedera o seu pedido. Impaciente deu dois passos em frente até conseguir alcançar a ampulheta, o tecto tremia e a luz era trémula e escassa, com alguma hesitação pegou no objecto e abraçou-o contra o peito, o inicio do seu sonho tinha agora começado:
- Ele disse duas voltas para Luminatus e três para Darnatus!
A princesa deu duas voltas à ampulheta, quando o último grão e areia caiu favorecendo a gravidade, olhou em seu redor e já não estava escuro, a luz era pura, branca e angelical. Ainda embriagada com a sensação de liberdade e concretização de um sonho colocou o cordão ao pescoço e começou a caminhar entre a vegetação verde e branca, evitara tocar em todas as aquelas formas divinas e permanecia pasmada com tudo aquilo que via, até que num ápice alguém a agarrara e lhe tapara a boca com uma mão branca, complexa, estranhamente reconfortante e quente. Uma voz masculina sussurrou-lhe ao ouvido:
- Quem és tu e o que fazes no meu reino?
Éter esbracejou para que ele a liberta-se e atingido o seu objectivo voltou-se e viu um rapaz ruivo de olhos igualmente alaranjados e uma tez tão branca como a sua. Não conseguia deixar de olhar para ele, parecia tão perfeito e complexo, tão medonho e ao mesmo tempo tão encantador, a sua expressão era de surpresa e admiração, nos seus olhos o interesse estava a nascer:
- Venho do reino de Dominus!
O rapaz riu-se desenfreadamente:
- Dominus? Esse povo ignora a nossa existência!
A rapariga estava agora surpresa:
- Como tens conhecimento disso?
- Porque sou o príncipe Lítius, e os meus pais têm conhecimento de tudo o que se passa nesse e neste reino, têm espiões por todo o lado. Agora diz-me a verdade, quem és e de onde vens.
A rapariga começava a ficar irritada com a arrogância do rapaz:
- Sou Éter! Princesa de Dominus e futura rainha!
O rapaz fitou-a com atenção pôs-lhe a mão na testa e disse:
- Alteza! Perdoou-me a ousadia, deixe-me leva-la até ao nosso palácio e recompensá-la devidamente.
Éter esticou a mão e caminhou com o príncipe até à sua carruagem. Largos quilómetros depois Lítius disse-lhe agarrando a sua mão:
- Aquele é o meu palácio!
Éter olhou para pela janela e viu uma imponente construção em mármore branco, com pilares ornamentados e abóbadas meticulosamente esculpidas, era um sonho tornado realidade.

Pequenas Histórias Originais Catarina R.P.