quarta-feira, fevereiro 20

Hitchcock

Postura altiva, expressão ausente, olhar desconfiado e personalidade arrepiante... Este é Alfred Hitchcock.
Elegante, face gentil, olhar misterioso e mente genial... Esta é Alma Hitchcock.

Viver na sombra de um grande génio é a vida de alguém genuinamente mais genial, este foi o destino de Alma Hitchcock, a mulher que tornou Psycho numa obra prima, a mulher que tornou os duches mais assustadores que a própria noite. 
Hitchcock é um filme com uma caracterização e fotografia muito superiores, perde muito na falta de consistência do argumento, oscilando entre momentos fantásticos e cenas desnecessárias, coberto de imaturidade textual. Excluindo elementos argumentativos e focando-nos nas interpretações, conseguimos observar aqui fantásticas performances de Anthony Hopkins; que capta ao mais ínfimo pormenor a postura de Alfred, com uma voz surpreendente e arrepiante, e no lado feminino temos a sempre magnifica Helen Mirren; que consegue hipnotizar o espectador a cada segundo que a vemos no ecrã. Scarlett Johasson e Jessica Biel são donas de uma beleza única, mas ficam muito camufladas durante o filme, sendo autênticas esculturas sem fundamento descritivo.
Agora vamos ao momento que interessa realmente, ou seja, vamos à história, à derradeira história do maior sucesso que o cinema de suspense/thriller já conheceu, o mesmo em que todos julgavam ser uma história repugnante e intocável, a história de Ed Gein, o verdadeiro Psycho. Muitos foram os filmes baseados na vida de Gein, muitos foram os documentários que se fizeram, mas o primeiro homem a olhar para este ser assustador com olhos artísticos foi Hitchcock, Alfred Hitchcock. O que o público desconhecia é que a sua versão original era um fortíssimo fracasso, é aqui que precisamos de um génio cinematográfico, que não é nada mais nada menos que a sua mulher. O desconhecimento do público em geral (incluo-me neste leque de pessoas) torna a história mais cativante fazendo mesmo o filme valer muito por isso, assim ficamos a conhecer esta magnifica mulher, que soube ser o número dois, sabendo que poderia ser o número um. Ainda se consegue ter um laivo das paixões de Alfred pelas suas loiras, os seus estranhos hábitos e as expressões e sarcasmo irreversíveis, alguns pormenores que dão algum charme ao filme.

De tudo aquilo que se vê existe uma mensagem imperativa: "Ao lado de um grande homem há sempre uma grande mulher.", e Alfred era um génio mas faltava-lhe Alma (a mulher e o pedaço metafísico humano).