sexta-feira, maio 11

We Need to Talk about Kevin

Um adolescente mentalmente perturbado, e uma mãe de coração apertado...

Em primeiro lugar quero lisonjear a perturbante realização de Lynne Ramsay, digo perturbante porque é extremamente complicado ver mulheres a escrever e a realizar filmes do género, muito menos da forma crua como nos é apresentado na tela.
Desde já reconheço a minha total surpresa em relação ao filme, ouviram-se uns murmúrios, escreveram-se algumas coisas sobre a extraordinária interpretação de Tilda Swinton, mas o que eu ainda não tinha ouvido é que esta narrativa era arrebatadora. Confesso que quando pensei em vê-lo nem sequer li a sinopse, parti à aventura sem sequer saber do que se tratava e, ainda bem que o fiz.
Fascina-me a mente perversa do ser humano, fascina-me alguém poder matar outro ser sem sequer sentir arrependimento ou remorso, muitos podem ter receio, ou até mesmo medo, o sentimento que eu nutro por estas pessoas é fascínio, muito provavelmente por ser a completa antítese deste tipo de humanos... Neste momento acredito que os meus estimados leitores estejam a ter alguma dificuldade em perceber o que quero dizer, mas acredito que com o decorrer deste texto irão com toda a certeza perceber, para já não fiquem alarmados.
Ezra Miller interpreta Kevin, o psicopata que não nutre amor por nada nem por ninguém, é esta falta de amor que dá espaço para o desenvolvimento deste filme. Tilda Swinton é a mãe de Kevin, uma mulher que vive as consequências dos actos do filho, isto pura e simplesmente porque vivemos numa sociedade pouco tolerante, com pessoas que julgam, mas não o sabem fazer. É desta relação entre mãe e filho que nasce esta narrativa, que envolve o espectador a cada minuto que passa. Uma mãe que ama um filho, mas que se revolta por tê-lo feito nascer demasiado cedo, um filho que odeia a mãe porque sente este arrependimento, ou pura e simplesmente porque nasceu assim, é curioso perceber as diferente opiniões que existem acerca desta relação, quando se visualiza o filme parece tudo muito óbvio, todavia, quando se discute este mesmo tema, a opinião começa a variar e o raciocínio perde todo o sentido inicial.
Perceber o porquê dos actos cruéis de pessoas como o Kevin é um completo mistério, isto porque o rapaz não nasceu no seio de uma família disfuncional, não era mal amado, não era ignorado, nem sequer pertencia a uma classe social desfavorecida. que pudesse de algum modo fomentar comportamentos violentos ou homicidas. Então porque é que Kevin assassina pessoas? Por ser extremamente inteligente? Para captar atenção? Ciúme? Nenhuma destas sugestões me parece correcta. Até porque a certa altura do filme a mãe pergunta: "What's the point?" - e o rapaz responde: "There is no point! That's the point..."
Os filme apresenta brilhantes interpretações uma banda-sonora espectacular, e um argumento mudo poderosíssimo!

Resumindo, uma surpreendente história que enerva, envolve e revolta. Uma pérola cinematográfica...