segunda-feira, janeiro 27

The Fifth State

O silêncio da corrupção grita a palavra justiça.

The Fifth State gira em torno do escândalo da WikiLeaks, e baseia-se em dois livros da autoria de Daniel Domscheit-Berg e David Leigh.
O argumento deste filme é claramente parcial, conduzindo escandalosamente o espectador a retirar conclusões, que podem (ou não) ser precipitadas. Bill Condon dirige de forma ingénua e pouco carismática, perde-se em momentos monótonos e circula num meio lucrativo, em detrimento da busca pela verdade. Percebe-se claramente que elucidar o espectador não é o principal objectivo do filme, a temática é a exploração da imagem de um homem que podia ter alterado o curso de toda a história democrática, e a dramatização excessiva de uma narrativa terrivelmente complexa, o que acaba por desiludir o público. Existe outra interpretação a fazer com o trabalho de Condon, este filme poderá também ser uma estratégia de divisão do espectador, de forma a que possamos tomar um partido, de acordo com a nossa perspectiva pessoal do assunto. Ainda assim, é claramente tendencioso.
Não existe um percurso histórico neste filme, existe sim, uma série de acontecimentos que culminam na criação de um dos sites mais mediáticos de informação jornalística. Durante todo o tempo o filme perde-se na especulação e termina em pouco esclarecimento do público.
Sem margem para dúvidas que o ponto mais forte de todo este filme está nas mãos de dois actores; Benedict Cumberbath, com uma magistral interpretação de Julian, e Daniel Bruhl, como Daniel. Juntos tentam ingloriamente encontrar sentido para cada uma das suas personagens. Sendo que o maior esforço cabe a Cumberbath, que apesar do seu "comprovadíssimo" talento não consegue perceber até onde o leva todo este argumento confuso. Ainda assim Benedict consegue ser a maior razão para ver este filme, o actor capta as expressões vazias de Julian, o tom de voz revolucionário, e o desespero nos seus traços, tudo é feito com uma enorme perícia e talento.
A relação de amizade e conflito torna-se o centro da acção, perdendo-se o emaranhado politico no seio desta relação, assim como o interesse por toda a narrativa.
Em suma, é uma notória tentativa, mas termina num colossal fracasso, relembro que Cumberbath e Bruhl estão magistrais, e só por isso vale a pena.