quinta-feira, novembro 28

Dupla identidade - Parte 2: Tortura

Ver a arma apontada à cabeça de Eva, fazia Marcos sentir-se impotente: - Por favor não lhe faças mal! – As lágrimas do homem começavam a inundar-lhe a face, e a loira fitava-o com ódio: - Diz onde é que estão! – A arma aproximou-se mais da testa de Eva, até que se ouviu um grito que dizia: - No sótão nº3 do prédio onde nós vivíamos! – Eva olhou para os olhos azuis de Marcos, ele estava aterrorizado, ela própria não se sentia tão assustada quanto ele. A loira travou o revólver e fez sinal aos homens que agarravam Marcos, eles acenaram de volta e começaram a espancá-lo. Eva sentiu-se em dívida para com ele, para além disso estava chocada por saber que outrora partilhava uma vida com o homem que estava a ser espancado, numa tentativa de travar aquela a atrocidade, disse num tom de raiva: - Parem! Ele já vos deu o que queriam! Deixem-no! – A loira olhou para trás, o seu olhar emanava ódio e raiva, continuou a caminhar elegante para a porta, os homens seguiram-na e a cadeira de Marcos partiu-se. Assim que a porta de ferro fechou Eva rastejou para junto de dele e perguntou: - Consegues ouvir-me? – Era quase impossível distinguir as feições dele, apenas se destacavam os seus hipnotizantes olhos azuis, que pestanejaram mal a viram. Ele tentava responder, mas faltava-lhe a força, era totalmente impossível saírem dali.
Passaram largos minutos fechados naquele sítio, Eva queria ouvir respostas, mas Marcos não tinha condições para as dar, enquanto ela tentava ingloriamente retirar as cordas que amarravam as suas mãos e pés, ele recuperava a pouca vida que lhe restava. A corda estava prestes a ceder até que Eva ouviu um sussurro baixinho: - Eva… - Virou-se repentinamente para encarar o moribundo e respondeu: - Sim… Sou eu… Como te sentes? – Marcos sorriu e respondeu: - Muito melhor… – Eva sentiu que aquela frase era um cliché incomodativo, principalmente porque não se lembrava dele, por isso perguntou: - Quem é aquela mulher? O que é que ela quer? – Os olhos de Marcos escureceram, ele pensou por segundos que ela lhe ia perguntar como tinham sido os tempos de casamento, a ilusão era tudo o que lhe restava. Depois da desilusão instalou-se o medo; como é que ele lhe iria contar a verdade?
Bárbara saiu do seu Lexus preto e caminhou pelo passeio com os seus quatro guarda-costas, finalmente tinha conseguido a vingança que queria, roubar tudo o que podia à antiga amiga, tal como ela lhe tinha roubado o amor da sua vida. A perda de memória que lhe tinha causado foi apenas um bónus, o grande golpe estava prestes a acontecer, no momento em que abrisse a porta daquele sótão.