Ver a arma apontada à cabeça de Eva, fazia Marcos
sentir-se impotente: - Por favor não lhe faças mal! – As lágrimas do homem
começavam a inundar-lhe a face, e a loira fitava-o com ódio: - Diz onde é que
estão! – A arma aproximou-se mais da testa de Eva, até que se ouviu um grito
que dizia: - No sótão nº3 do prédio onde nós vivíamos! – Eva olhou para os
olhos azuis de Marcos, ele estava aterrorizado, ela própria não se sentia tão
assustada quanto ele. A loira travou o revólver e fez sinal aos homens que
agarravam Marcos, eles acenaram de volta e começaram a espancá-lo. Eva
sentiu-se em dívida para com ele, para além disso estava chocada por saber que
outrora partilhava uma vida com o homem que estava a ser espancado, numa tentativa
de travar aquela a atrocidade, disse num tom de raiva: - Parem! Ele já vos deu
o que queriam! Deixem-no! – A loira olhou para trás, o seu olhar emanava ódio e
raiva, continuou a caminhar elegante para a porta, os homens seguiram-na e a
cadeira de Marcos partiu-se. Assim que a porta de ferro fechou Eva rastejou para
junto de dele e perguntou: - Consegues ouvir-me? – Era quase impossível
distinguir as feições dele, apenas se destacavam os seus hipnotizantes olhos
azuis, que pestanejaram mal a viram. Ele tentava responder, mas faltava-lhe a
força, era totalmente impossível saírem dali.
Passaram largos minutos fechados naquele sítio, Eva
queria ouvir respostas, mas Marcos não tinha condições para as dar, enquanto
ela tentava ingloriamente retirar as cordas que amarravam as suas mãos e pés,
ele recuperava a pouca vida que lhe restava. A corda estava prestes a ceder até
que Eva ouviu um sussurro baixinho: - Eva… - Virou-se repentinamente para
encarar o moribundo e respondeu: - Sim… Sou eu… Como te sentes? – Marcos sorriu
e respondeu: - Muito melhor… – Eva sentiu que aquela frase era um cliché
incomodativo, principalmente porque não se lembrava dele, por isso perguntou: -
Quem é aquela mulher? O que é que ela quer? – Os olhos de Marcos escureceram,
ele pensou por segundos que ela lhe ia perguntar como tinham sido os tempos de
casamento, a ilusão era tudo o que lhe restava. Depois da desilusão instalou-se
o medo; como é que ele lhe iria contar a verdade?
Bárbara saiu do seu Lexus preto e caminhou pelo passeio com os seus quatro
guarda-costas, finalmente tinha conseguido a vingança que queria, roubar tudo o
que podia à antiga amiga, tal como ela lhe tinha roubado o amor da sua vida. A
perda de memória que lhe tinha causado foi apenas um bónus, o grande golpe
estava prestes a acontecer, no momento em que abrisse a porta daquele sótão.