sexta-feira, outubro 11

Perfect Sense - O Sentido do Amor


E se o último sentido que restasse fosse sentir?

Perfect Sense tem um título que sugere um romance intemporal, na realidade é um drama apocalíptico com uma profunda mensagem social, algo a que não estamos habituados em filmes do género. O realizador de Young Adam, regressa com um filme diferente e pouco convencional, que privilegia o cinema inteligente e sonhador.
Esta longa metragem tem um argumento que eu considero inovador e revelador, perde na realização que se dispersa do essencial, e na fotografia banal sem nada a acrescentar, ganha nas interpretações de excelência (Eva Green e Ewan McGregor) e na banda-sonora que envolve, assim como os longos silêncios.
O retrato de uma sociedade sem emoções, sem ligações, sem sentimentos e sem sentido, o percurso do regresso do homem à incapacidade de sobreviver, restando-lhe apenas e somente a sombra de um amor que promete ser efémero. 
Sobra-nos contemplar a impressionante capacidade do ser humano em se adaptar tão facilmente, a flexibilidade anatómica e fisiológica dos nossos corpos chega a ser incrível. No entanto, a nossa capacidade de amar e ser amado fica muito atrás de todos os outros sentidos, o raciocínio emocional ganha-se e perde-se com uma vertiginosa velocidade, parecendo que só quando não resta mais nada é que conseguimos dar o valor ao que é realmente importante, e o que significa para nós o amor de alguém, o grande senão de tudo isto, é que quando isso acontece a adaptação já não é possível e chega a morte para consular a nossa felicidade.
Um filme com uma mensagem avassaladora, mas que por vezes se perde em momentos confusos e superficiais.