O que somos por dentro, o que somos por fora, o que fomos um dia, o que somos agora...
De Rouille et d'Os dispensa quaisquer elogios no argumento e na interpretação, desintegra palavras na fotografia e na montagem, eleva-se nos sons e no silêncio.
Toda a alma humana, por mais nobre que seja, tem laivos de egoísmo, momentos de insanidade moral, e pensamentos destrutivos. A maioria (para não dizer a totalidade) de nós vive enclausurado numa esperança efémera de algo melhor, numa nuvem indiscreta de uma promessa mal feita de que um dia teremos o que desejamos, de que a vida é miserável agora mas, que daqui a três dias será deslumbrante. E se a vida se tornar um Inferno desesperante? Se tudo o que é banal se tornar um precipício? Será que ai abrimos a gaveta e percebemos que o bem mais precioso de todos esteve todo este tempo ao nosso lado? É mesmo preciso perder tudo, ficar sem nada e perceber que afinal sempre fomos inteiros? Parece claro que sim.
Esta narrativa poderosa de um homem quebrado e de uma mulher perdida, pode esclarecer qualquer dúvida do comportamento humano. Um par de actores com um imenso magnetismo que contam uma história que nos toca, impressiona e que se sente, onde no final nos faz correr para os braços de quem achávamos que ia durar para sempre...
No fim o que nos une, é a força do destino, a intensidade das palavras, acima de tudo, a vontade de viver amando.
Jacques Audiard (Un Prophete) conseguiu mais um filme de excelência.