segunda-feira, abril 16

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E o número da perfeição dá lugar a um filme perfeito...

Estou num momento da minha vida pessoal em que cada vez mais lisonjeio e aprecio com extrema avidez o cinema Francês/ Alemão. Talvez porque não seja tão comercial como o Americano ou até mesmo o Indiano, assim com o passar dos anos o cinema Britânico, Francês e Alemão têm ganho um especial apresso pela minha pessoa (futuramente espero que o Italiano e Coreano também me conquistem).
Hanna e Simon são um comum casal sem filhos, sem nada que os ligue para além da "lenha molhada" de uma paixão apagada, da relação intelectual que se prende muito na cultura, e também pela rotina, a mortal inimiga das relações contemporâneas. O modernismo transformou a sociedade e o seu quotidiano, destruiu todas as relações emocionais que existem entre humanos, assim cada vez mais constatamos a procura pelo desconhecido através do adultério, das fantasias sexuais, de experiências homossexuais e sobretudo da incessante busca pelo sentido da vida e da morte. Alguns defendem que a tecnologia e a evolução que esta sofreu, trouxe consigo uma perda abismal de valores morais e éticos que poderão facilmente ter ocorrido devido a um desprendimento das relações humanas em prole das relações tecnológicas. De um modo geral, a perda de fé e de um guia espiritual leva homens e mulheres a procurarem algo mais para "mover" as suas vidas...
Este filme não é de todo uma crítica à sociedade é mais do que isso, é uma mensagem que devemos interiorizar e reflectir por forma a tentar explorar as nossas acções e sobretudo a sua essência.
Penso que existe, ao longo da narrativa, um forte paralelismo com a religião e sobretudo com a evolução intelectual e atrofiamento do plano espiritual. Esta ideia do adultério como um sinal de descrença na própria essência do matrimónio (que é um dos grandes pilares da igreja) conduz a uma interpretação muito pessoal e muito moldável, essa subjectividade é uma particularidade que torna este filme tão especial, e ao mesmo tempo complexo.
Com um argumento arrepiante, ao som de um melódico sotaque francês (porque vi o filme dobrado em Francês), deixa o espectador estupefacto! Tom Tykwer (O Perfume) consegue atingir níveis de perfeição ao nível do argumento e realização quase inexplicáveis, que são complementados com um elenco de actores extraordinários.
Um filme brilhante, excepcional e sobretudo imprescindível...