Uma aventura inacreditável, uma lição de vida fascinante...
Finalmente estamos naquela época do ano em que no cinema só existem estreias de filmes fantásticos, este é o primeiro de muitos que o vão seguir, pelo menos assim o espero.
A Vida de Pi é sem dúvida um dos melhores filmes que já vi na minha vida, pessoalmente, achei a história fantástica, a fotografia genial, a banda-sonora arrepiante, as interpretações peculiares (Irrfan Khan e Suraj Sharma) e os efeitos especiais generosos. Ou seja, tecnicamente o filme está altamente bem construído.
Pessoalmente avalio muito os filmes pela introdução (penso que sejam influências da saga do espião britânico James Bond), esta abertura de filme está magnifica, transmitindo exactamente a paz e tranquilidade que o filme pretende atingir. Esta viagem é filmada num paraíso terrestre, a Índia, o que torna o ambiente cinematográfico colorido e apaixonante. Mais uma junção de Hollywood e Bollywood em que Ang Lee conseguiu a perfeição.
Geralmente dou bastante mais relevo à parte técnica do que à interpretação "substancial" das películas, penso que todos os filmes devem ser interpretado individualmente sem influências exteriores, este em particular é muito espiritual, magnificamente complexo e subjectivo, sendo imperativa uma análise mais profunda.
Pi é uma criança curiosa e confusa, é um adolescente estranho, inteligente e aventureiro, é um homem calmo, ponderado e crente. Estes são os nossos estádios de crescimento, infância, adolescência e vida adulta, onde cada um de nós aprende a viver com aquilo em que acredita, seja nada, seja tudo, seja só alguma coisa. Durante a vida de Pi todos os acontecimentos parecem estranhos e por vezes até absurdos, existem momentos em que pomos em causa toda a história de Pi simplesmente porque não estivemos presentes ou porque é irracional acreditar, mas o mesmo não acontece com a religião? Acreditar cegamente em algo? Ter fé? A religião é acreditar no inacreditável, certo? A vida de Pi é como a religião, inacreditável. Mas porque razão é mais fácil acreditar em Deus do que na palavra de Pi? Porque Pi mente. Mas e Deus não mente? Não! Porquê? Excelente questão...
O homem precisa de criar para se abrigar do medo, precisa de sonhar para atenuar o sofrimento, todos precisamos de um porto de conforto existencial...
É também maravilhoso ver a relação de Pi com Richard Parker, é encantador observar os laços que se criam entre o felino e o homem, transcende a nossa capacidade de compreensão da natureza.
Uma jornada épica de um jovem que estava perdido no grande mar salgado e no árido deserto espiritual.
Altamente recomendado para um mundo perdido, sem rumo e sem fé.
Na lista dos favoritos do 7ªArte.
O Cinema é a pura arte que não se explica, é o culminar da perfeição, é por excelência a magia de poder sentir o impossível!
quinta-feira, dezembro 27
sábado, dezembro 8
Realidade, Sonho e Ficção
Não sou pessoa para partilhar com todos as minhas aspirações para o
futuro mas, o destino num país sem qualquer esperança, nem vínculo emocional ou
criativo, fez-me mudar de ideias.
Estou prestes a terminar um curso que me vai abrir portas para um
mercado de trabalho que exige responsabilidade e dedicação, e que oferece uma
estabilidade delicada mas, ainda algo segura, falo da saúde. Para trás ficam as
aspirações de artista, o sonho de construir um futuro em comunhão com a
natureza, o sonho de querer percorrer o mundo com uma câmara de filmar nas
mãos, rabiscando memórias do presente, sem qualquer pensamento no futuro.
Na minha vida sonho poder nadar sem restrições de tempo, quero poder
escrever numa à mão ou à máquina, filmar momentos únicos e dançar em locais
virgens, sem homens para destruir as suas virtudes.
Quero percorrer a India sem que me digam para onde ir, mas que me
acompanhem numa viagem espiritual, procurando mistério e descobrindo aventuras.
Aspiro caminhar descalça nas florestas irlandesas, sentindo a trovoada a pulsar
nas minhas veias e a chuva na minha face pálida. Depois de explorar a natureza
no seu estado mais puro, desejo caminhar nas ruas de Paris e ler algum bilhete
deixado num vidro embaciado ou num livro velho com as palavras: Je t’aime. Ainda assim sonho ir à terra de sua majestade agarrar furiosamente num microfone e soltar a voz da minha alma, num recinto apilhado de pessoas alegres.
Desejo criar algo meu, partilhar com o mundo as minhas criações, impedir que
elas morram em mim, continuar a ser a criança que sempre fui, para que a minha
imaginação nunca morra.
Nasci no país dos descobridores, cresci na ânsia de descobrir, hoje com
vinte e um anos descubro que escolhi o caminho errado, que morri antes de ter
vivido.
Ainda assim assumo a minha escolha, vivo na minha realidade, mas sempre
com os olhos postos na ficção, porque um dia vou realizar o sonho.
sexta-feira, dezembro 7
Anna Karenina
A Magia do teatro no cinema,
A história de uma mulher prisioneira da sua própria existência...
Um dos maiores clássicos da literatura chega ao cinema, com um orçamento de crise e a assinatura de Joe Wright, uma combinação que não poderia ser mais perfeita...
Anna Karenina é uma aventura emocionante pelo mundo da fotografia original, e pelo teatro em movimento, transmite o principio de que é possível fazer-se cinema num teatro. Mas será possível fazer cinema estupendo confinado num teatro? Obviamente que sim!
A originalidade é o ponto mais forte de todo o filme, Mathew Macfayden tem uma performance muito acima do excelente sendo mesmo o melhor actor em cena, com uma personagem loucamente cómica e provocante. Aaron Johnson é sedutor e delinquente, contrastando com Jude Law, um honesto e respeitável homem da aristocracia Russa consumido por costumes e vidrado em boas maneiras. A bela e encantadora Keira Knightley é electrizante a cada segundo, continua a existir uma química claramente surreal com câmara, um feitiço que a actriz lança ao público e perdura durante todo o filme. Dario Marianelli é uma das peças chaves, autor de uma banda-sonora magnifica e de uma criatividade inigualável, que faz o espectador contorcer-se de arrepios. Tom Stoppard constrói um argumento contagiante mas complexo, relaxante e irritante, um ingrediente fantástico, que proporciona ao filme outro nível de encantamento.
Quando vemos esta película sente-se a música a ecoar nos ouvidos de forma que as palavras amargas nos soam a doces, os olhares que se cruzam são tão intensos que a música deixa de reinar e a incerteza apodera-se da nossa mente, ainda sem perder o rumo o nosso corpo sente o silêncio que os nossos ouvidos ignoram e cria um ensurdecedor ruído de medo e incerteza. Anna Karenina consegue transportar-nos para um plano celestial de puro deleite, sustentado por alicerces de interpretações estrondosas.
Toda a metáfora associada à ideia de que dentro do teatro estamos no plano aristocrata, preso à sua sociedade hipócrita e mesquinha, curvado perante os moldes dos bons costumes que soam a medo, e fora do teatro reina um mundo livre de polimentos, onde o sol irradia o ar puro e a vida deixa de ser fútil. É divinamente brilhante.
Anna Karenina é cinema encantador e mágico...
A história de uma mulher prisioneira da sua própria existência...
Um dos maiores clássicos da literatura chega ao cinema, com um orçamento de crise e a assinatura de Joe Wright, uma combinação que não poderia ser mais perfeita...
Anna Karenina é uma aventura emocionante pelo mundo da fotografia original, e pelo teatro em movimento, transmite o principio de que é possível fazer-se cinema num teatro. Mas será possível fazer cinema estupendo confinado num teatro? Obviamente que sim!
A originalidade é o ponto mais forte de todo o filme, Mathew Macfayden tem uma performance muito acima do excelente sendo mesmo o melhor actor em cena, com uma personagem loucamente cómica e provocante. Aaron Johnson é sedutor e delinquente, contrastando com Jude Law, um honesto e respeitável homem da aristocracia Russa consumido por costumes e vidrado em boas maneiras. A bela e encantadora Keira Knightley é electrizante a cada segundo, continua a existir uma química claramente surreal com câmara, um feitiço que a actriz lança ao público e perdura durante todo o filme. Dario Marianelli é uma das peças chaves, autor de uma banda-sonora magnifica e de uma criatividade inigualável, que faz o espectador contorcer-se de arrepios. Tom Stoppard constrói um argumento contagiante mas complexo, relaxante e irritante, um ingrediente fantástico, que proporciona ao filme outro nível de encantamento.
Quando vemos esta película sente-se a música a ecoar nos ouvidos de forma que as palavras amargas nos soam a doces, os olhares que se cruzam são tão intensos que a música deixa de reinar e a incerteza apodera-se da nossa mente, ainda sem perder o rumo o nosso corpo sente o silêncio que os nossos ouvidos ignoram e cria um ensurdecedor ruído de medo e incerteza. Anna Karenina consegue transportar-nos para um plano celestial de puro deleite, sustentado por alicerces de interpretações estrondosas.
Toda a metáfora associada à ideia de que dentro do teatro estamos no plano aristocrata, preso à sua sociedade hipócrita e mesquinha, curvado perante os moldes dos bons costumes que soam a medo, e fora do teatro reina um mundo livre de polimentos, onde o sol irradia o ar puro e a vida deixa de ser fútil. É divinamente brilhante.
Anna Karenina é cinema encantador e mágico...
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