quarta-feira, novembro 21

Seeking a Friend for the End of the World

E se o mundo acabasse dentro de um mês? O que faria? O que faríamos?

Steve Carell e Keira Knightley estão juntos numa aventura improvável e apaixonante. À primeira vista Carell e Knightley pertencem a estilos de cinema diferentes, a nacionalidades diferentes, e a personagens que num filme comum nunca teriam grande efeito juntas. Contudo, Lorene Scafaria apresenta-nos o seu primeiro filme de forma diferente, pondo à prova actores e o próprio conceito de fim do mundo a que estamos habituados. Neste filme há espaço para tudo, para os anarquistas, para os apaixonados, para os inertes, para os frenéticos e até mesmo para os suicidas. Há um ligeiro humor negro que a meu ver é brilhante, e há uma estupidez amorosa. Tudo isto junto parece não fazer nenhum sentido, o curioso é que à medida que se caminha na viagem, e também no filme, ficamos encantados e não podemos deixar de ficar embalados neste final do mundo que pode muito bem ser o inicio de toda uma história.
Gosto de argumento desconexo que ganha sentido a cada minuto que passa, e das personagens desconcertantes que no final são seres humanos muito superiores ao que se espera. Gosto do Steve Carell neste filme, gosto da Keira Knightley, e gosto da química entre ambos, a forma como anulam a diferença de idade, e como se envolvem ao longo de toda esta jornada. Gosto dos momentos musicais e do único conjunto de roupa que usam. Gosto do cão Sorry e gosto da forma generosa como as personagens o embalam. Acima de tudo gosto da forma como tudo isto me faz pensar e de como me faz sentir este fim do mundo que nunca mais acaba.
Um filme simples, amoroso e profundo.

Até que o fim do mundo nos separe... 

segunda-feira, novembro 19

Anna Karenina Interviews

Acompanhando as entrevistas que se têm feito a propósito do filme Anna Karenina. Uns momentos que achei deliciosos com os actores e realizador.



domingo, novembro 18

Twilight - Breaking Dawn Part 2

A eternidade é o limite...

Chega ao fim a saga que encantou milhares de jovens adolescentes (e também mulheres adultas), que fez a imaginação romântica voar até ao universo obscuro, transformando-o num conto de fadas.
Quem ler o paragrafo anterior e nunca tiver ouvido falar de Twilight (o que me parece bastante difícil), chega mesmo a pensar que a saga é algo totalmente inovador e criativo, no entanto, não é mais do que um conjunto de mundos já explorados, que juntos num clima de romance impossível, torna a história mais apelativa. Para os apreciadores de verdadeiro cinema, este é mais um daqueles filmes que vem estragar as bilheteiras, levando multidões a ver argumentos mal explorados, banda-sonoras comerciais, e efeitos especiais estrondosamente megalómanos. Para os fãs é mais um momento espantoso e de emoção sem precedentes.
Analisando o fenómeno que ocorreu neste anos em que Twilight pairou nos cinemas, chegamos à conclusão que é avassalador o efeito que os livros tiveram no público (e que os filmes mostraram acompanhar), e é espantoso observar o quando sedento o mundo está de escapar à realidade em que se vive, de conquistar uma nova identidade, e de ser amado de uma forma incondicional. Ainda é possível reparar que é normal que estes filmes tenham efeitos colaterais deste tipo em adolescentes, mas em mulheres adultas? É espantoso isto acontecer, e é algo que vale a pena ser repensado.
Quanto a mim Twilight teve um ponto interessante no filme anterior, Breaking Dawn Part 1, com um nível dramático mais acertado e mais ousado do ponto de vista narrativo (embora me continue a parecer fraco). Robert Patison foi o actor que mereceu mais a minha atenção, isto porque, me surpreendeu muito pela positiva em Cosmopolis, aqui em Twilight, fez mais do mesmo, não surpreendeu e manteve-se mal. O restante cast também teve a mesma prestação  o que me fez pensar que o problema não é dos actores mas sim da direcção, sobretudo porque Christian Camargo, Michael Sheen e Lee Pace são (quanto a mim) actores fabulosos, e neste filme estão reduzidos a quase nada. O argumento desta vez não é mau, é péssimo, chega mesmo a ser intragável. Não percebo como é possível fazer-se um filme tão desconexo e durante tanto tempo, tudo aquilo que vemos na tela pode ser reduzido a cerca de vinte minutos, e pouparíamos mais recursos e sobretudo tempo.
É complicado explicar o final sobretudo para quem leu o livro, parece interessante, e ao mesmo tempo ridículo. Vou optar por dizer interessante, porque ridículo é uma palavra muito forte quando não se tem a certeza do que se deve dizer. Neste caso, a ideia está bem construída mas a forma como nos é apresentada destrói por completo o clímax de toda a narrativa. Quando se faz um filme em que culmina o momento de imaginação (e não é real), há que criar outras formas de manter o espectador entusiasmado e surpreendido, o que aqui não acontece, e é ai que todo o trabalho de realização falha redondamente. Ou seja, estamos horas à espera de um desfecho único, porque até agora não se viu nada, e no fim nada se vê. 



Resumindo aconselhado para fãs, porque vão gostar, fora disso, não!

Agradeço não ter e-mails desconcertantes e insultuosos, porque com o Twilight eu tenho sempre más experiências.

terça-feira, novembro 6

Bond, James Bond


O agente secreto britânico que fez as delicias dos fãs durante décadas, meia dúzia de homens deram corpo a esta personagem única do cinema de acção, e muitas foram as mulheres que brilharam no grande ecrã, partilhando a glória de serem as Bond Girls. Mas o que perdeu James Bond para deixar de ser um ícone do cinema britânico, e passar a ser um filme de acção com um nome pomposo?
Quanto a mim, o actor Daniel Craig consegue fazer filmes de acção de excelente qualidade, ultrapassando em grande escala aquilo que estamos habituados a ver no cinema, no entanto, Craig não é Bond! Repito, Craig não é Bond e Bond não é Craig! Bond é Sean Connery, é Roger Moore, é Pierce Brosnan, e venha quem vier, doa a quem doer, Jude Law é o herdeiro legítimo do título de Bond. É britânico, é charmoso, é talentoso, é extraordinariamente sensual, e acima de tudo tem perfil para ser o agente secreto.
Mas, excluindo a minha opinião sobre quem deveria ser o James Bond desta geração, e aferindo tudo aquilo que já se viu, constando factos e recuperando argumentos... São muitos os que concordam que 007 foi reduzido a um cliché de acção, deixando de ser um acontecimento cinematográfico de romance, suspense, acção, e aventura sem precedentes. Outros acham que James Bond deve mudar, ser forte e feio. Mas e onde fica o charme, o requinte, o glamour, a elegância, a originalidade? Deveremos mesmo trocar isso por mais uma saga Bourne interminável? Jason Bourne foi um grande acontecimento cinematográfico, mas teve o seu tempo, e acabou. Contudo Bond não acaba, por isso não precisa de se mutar, precisa de limar aresta, como Brosnan fez. Mais do que isso é destruir uma imagem o que há muito se criou no imaginário dos fãs. 
Fui só eu ou alguém reparou que até os temas musicais dos novos filmes não têm a mesma magia que os anteriores? Perdeu-se melodia, ganhou-se bateria, perdeu-se harmonia, ganhou-se agressividade, a única coisa que se mantêm é a sensualidade... 
Em suma, a reflexão que proponho é: Será que devemos alterar o conceito de James Bond? É verdade que o mundo é feito de mudança, mas e se a mudança for para pior? Leva-nos à crise... Correcto?

Com isto nem preciso de expressar a minha opinião sobre Skyfall, bem feito, bem realizado, mas não é Bond!

domingo, novembro 4

Looper

Quem é o seu pior inimigo? Pense bem, talvez ele esteja do outro lado do espelho...

Looper é uma narrativa sobre viagens no tempo, telecinética, assassinos, loops, vingança, amor, compaixão e destino. Como é que tantos temas cabem tão perfeitamente num filme de acção? Não sei, mas é fenomenal!
Apesar do previsível final e do desenvolvimento óbvio dos acontecimentos, Looper nunca perde o interesse durante todo o tempo de visualização, o que já de si é um enorme feito cinematográfico.
Não há muito a dizer sobre o filme, é original, tem interpretações de peso como Joseph Gordon-Levitt e Emily Blunt, no entanto, Bruce Willis fica muito atrás das restantes interpretações, chega mesmo a desiludir. Mas esta desilusão é facilmente superada pelas reviravoltas (previsíveis) na narrativa e a realização criativa que nos é apresentada.
O filme é uma aliança quase perfeita de ficção cientifica e acção desmesurada, tem um toque de suspense e um romantismo muito simples e soft, utilizando a comunhão entre o amor e compaixão.
O tema é novo, chega a ser perturbante, e consegue sem qualquer sombra de dúvida superar as expectativas, não consegue ser brilhante, mas é sem dúvida intrigante. A questão entre viver com uma assombração do futuro, ou uma assombração do passado, tem qualquer coisa de sugestivamente empolgante. 
Rian Johnson superou-se, e surpreendeu com um blockbuster de excelente qualidade.